Ameaças e grandes manobras são esperadas na Península Coreana esta semana

Especialistas consideram que o clima está de tal forma tenso que o mínimo incidente poderá ter consequências graves. Esta segunda-feira, a Coreia do Sul e os Estados Unidos vão lançar as suas manobras anuais, virtuais, mas que mobilizam milhares de soldados.

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Esta semana, a Coreia do Sul vai efectuar exercícios militares virtuais REUTERS

A Península Coreana vai transformar-se num campo de batalha virtual no momento em que as duas Coreias iniciarem manobras militares separadas de grande envergadura numa lógica de escalada que faz temer um confronto de alto risco. “Estamos à espera de uma provocação norte-coreana nas semanas que vêm”, avisa Victor Cha, professor de Estudos Coreanos no Center for Strategic and International Studies (CSIS) de Washington, EUA.

Ameaças e demonstrações de força são habituais de um e de outro lado da linha de demarcação coreana desde o fim da guerra entre as duas Coreias em 1953, mas alguns observadores consideram a situação de tal modo tensa que o mínimo incidente poderia ter consequências graves. Na origem deste contexto explosivo, o lançamento de um foguetão visto por Seul e os seus aliados como um míssil balístico, seguido de um terceiro teste nuclear em Fevereiro e depois de novas sanções aprovadas esta semana pelo Conselho de Segurança da ONU.

Pyongyang ameaçou denunciar o acordo de armistício pondo fim à guerra da Coreia em 1953, disse estar pronta para uma guerra nuclear e avisou os Estados Unidos de que se expunham a um “ataque nuclear preventivo”. Sexta-feira, o regime fez saber poucas horas depois do voto no Conselho de Segurança que considerava, a partir desse momento, nulos “todos os acordos de não agressão entre o Norte e o Sul”.

A Coreia do Sul prometeu responder à primeira ocasião. Esta segunda-feira, a Coreia do Sul e os Estados Unidos – que têm 28.500 soldados em território sul-coreano – vão lançar as suas manobras anuais, denominadas “Key Resolve”. São maioritamente virtuais embora mobilizem milhares de soldados. A Coreia do Norte pode ser particularmente sensível uma vez que o exercício simula o desembarque de importantes forças americanas na Península Coreana em caso de conflito.

Do outro lado, o regime norte-coreano parece estar a preparar-se para importantes manobras com armas para os próximos dias.

Risco "significativo" de confrontação
“Depois do lançamento bem sucedido do foguetão em Setembro e do seu terceiro teste nuclear, a Coreia do Norte faz subir a pressão”, afirma Yoo Ho-Yeol, politólogo na Korea University de Seul. O investigador considera que existe um risco “significativo” de confrontação, em especial junto à linha de delimitação marítima no Mar Amarelo, contestada por Pyongyang e que deu origem a dois incidentes mortíferos em 2010.  

Para Bruce Klingner, especialista da Coreia no centro de estudos conservador Heritage Foundation, em Washington, “o risco de um mal entendido e de uma escalada” é maior também porque os dirigentes dos dois Estados rivais estão no Governo há pouco tempo.

O norte-coreano Kim Jong-Un, que terá menos de 30 anos, sucedeu ao seu pai Kim Jong-Il quando este morreu há pouco mais de um ano. “Kim Jong-Un não tem experiência e poderá ultrapassar os limites que os seus antecessores sabiam ter de respeitar”, considera Klingner.

A Presidente sul-coreana Park Geun-Hye só entrou em funções há duas semanas. E as investigações “mostram que, desde 1992, o Norte lança uma provocação militar nas semanas que se seguem à tomada de posse de um presidente sul-coreano”, observa Victor Cha.

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