Aeroporto de Cabul atacado por homens armados

O Afeganistão vive um período de grande incerteza e o assalto ocorreu no dia em que começou a auditoria aos votos das eleições presidenciais.

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Um carro armadilhado explidiu quase em simultâneo com o ataque Reuters

Militantes armados com lança-rockets e granadas atacaram na manhã desta quinta-feira o Aeroporto Internacional de Cabul, a capital do Afeganistão, na mais audaciosa acção deste ano contra áreas estratégicas usada por civis e militares.

O ataque contra o aeroporto ocorre num momento de grande incerteza neste país e no dia em que começou a recontagem dos votos das eleições presidenciais — a auditoria aos votos foi aceite pelos dois candidatos depois de acusações de fraude maciça. Esta eleição deveria marcar a primeira transferência democrática do poder no Afeganistão.

Os afegãos votaram no dia 14 de Junho e os dois candidatos, Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani, concordaram com uma proposta dos Estados Unidos para ser feita uma investigação exaustiva às acusações de fraude de forma a, rapidamente, o país ter um chefe de Estado. Os resultados preliminares apontam para uma vitória de Ghani.

O ataque durou quatro horas depois de quatro homens terem aberto fogo a partir do telhado de um edifício próximo ao aeroporto. "Quatro terroristas foram mortos pelas forças policiais. A zona está a ser limpa e não há baixas entre os nossos homens", disse no final o porta-voz do Ministério do Interior, Sediq Sediqqi.

O aeroporto é a base da operação da NATO que há 12 anos combate os taliban e outros grupos radicais no Afeganistão. É um local que habitualmente é muito frequentado por soldados e polícias e há vários postos de controlo e torres de vigilância em seu redor.

Quase todas as semanas o aeroporto é atacado com rockets, mas ataques frontais como o desta quinta-feira a um local tão fortemente policiado têm sido raros e representam uma acção ambiciosa por parte dos militantes. A táctica usada foi semelhante à que os taliban usaram quando realizaram um assalto a este mesmo aeroporto, no ano passado — sete militantes, entre eles alguns bombistas suicidas, lançaram um ataque depois de terem tomado de assalto um edifício parcialmente construído junto ao complexo. O ataque desta manhã não foi reivindicado.

Uma fonte do aeroporto disse à Reuters que todos os voos estavam, mais uma vez, a ser desviados para outras cidades, por exemplo, Mazar-i-Sharif, no Norte, e Herat, no Ocidente, porque "o ataque foi muito próximo da pista".

Uma testemunha disse que viu fumo negro a sair da zona antes de começar a ouvir as várias explosões. Ao mesmo tempo, e nas proximidades, um carro armadilhado explodiu. Na terça-feira, um carro-bomba explodiu num mercado apinhado de gente matando 42 pessoas (sobretudo lojistas, crianças e mulheres que faziam as compras do Ramadão; durante este mês sagrado, os muçulmanos festejam o fim do jejum a cada noite e trocam presentes) e ferindo outras 74 na província de Paktika, perto da fronteira com o Paquistão. A rede Haqqani, um grupo islamista radical com ligações aos taliban, é a suspeita por este atentado.

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