Adolescente palestiniano morto em provável ataque de vingança

Crime semelhante ao que vitimou três jovens israelitas levados em carro e assassinados.

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Palestinianos protestaram e houve confrontos com a polícia israelita em Jerusalém Oriental Ahmad Gharabli/AFP
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Mulher reza no funeral dos adolescentes israelitas assassinados, na terça-feira Finbarr O'Reilly/Reuters

Um adolescente palestiniano foi raptado e morto no que se suspeita ser um ataque de vingança pela morte de três jovens israelitas encontrados mortos depois de mais de duas semanas desaparecidos.

A descoberta do crime ocorre um dia depois dos funerais dos adolescentes israelitas, cujo desaparecimento a 12 de Junho, e a descoberta dos corpos nesta segunda-feira, provocou forte comoção em Israel. O Governo de Benjamin Netanyahu culpa o movimento islamista Hamas pela morte dos jovens; este nega qualquer responsabilidade.

O Executivo israelita está dividido sobre como responder à morte dos jovens – dois com 16 anos, um terceiro com 19 – levados quando pediam boleia para sair do bloco de colonatos de Gush Eztion, na Cisjordânia (poderá ter sido um telefonema de um deles para uma linha de ajuda que precipitou os assassínios: na gravação da linha de ajuda ouve-se o pedido de socorro seguido de gritos e tiros).

Centenas de pessoas foram já detidas no território numa intervenção militar israelita como há muito não se via na Cisjordânia: foram demolidas três casas de suspeitos (Israel suspendeu a prática de demolições punitivas em 2005, por considerá-la ineficaz e pouco dissuasora) e lançados ataques sobre locais do Hamas na Faixa de Gaza. 

O palestiniano cujo corpo foi descoberto nesta quarta-feira foi também levado de carro, desta vez em Jerusalém Oriental. Algumas testemunhas disseram que estava a pedir boleia, outras que estava à espera das primeiras orações sentado num muro de uma mesquita. Todos os relatos dizem que o jovem foi forçado a entrar num carro, e o corpo apareceu pouco depois numa floresta na zona Sudoeste de Jerusalém.

Benjamin Netanyahu já reagiu à notícia mencionando um “crime abominável”, pediu uma investigação rápida ao crime e apelou aos israelitas para não “fazerem justiça pelas suas próprias mãos”.

A imprensa do Estado judaico dizia que as autoridades estavam a tratar o crime como uma acção de vingança pela morte dos israelitas. A polícia disse, no entanto, estar a investigar motivos para além de nacionalistas, e o ministro israelita da segurança interna, Yitzhak Aharonovich, pediu que se “baixasse o volume” em relação à “tentativa de ligar os dois incidentes”. “Ainda estamos a examinar todas as direcções”, disse à Rádio Israel. “Há muitas possibilidades, criminais e nacionalistas, e tudo está a ser examinado”, garantiu. 

Protestos de palestinianos pela morte do adolescente começaram junto à casa da família da vítima, com uma multidão a atirar pedras à polícia israelita, que respondia com granadas atordoantes. Houve pneus queimados e montras de loja estilhaçadas em Jerusalém, e as autoridades restringiram o acesso ao Monte do Templo, onde se juntam a Cúpula do Rochedo e o Muro Ocidental, para evitar confrontos entre fiéis muçulmanos e judeus. 

Na véspera, foram detidas pessoas numa manifestação em Jerusalém em que repetiam “morte aos árabes!”, e a polícia teve de intervir para retirar alguns árabes do meio da multidão. Dois palestinianos foram ainda atacados na cidade nessa noite.

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