Aaron Alexis meditava num templo budista e andava quase sempre armado

O principal suspeito do ataque de segunda-feira em Washington já antes tivera problemas com a polícia. Foi afastado da Marinha em 2011.

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Aaron Alexis tinha-se mudado há pouco tempo do Texas para Washington D.C. AFP

São peças dispersas, como estas, sobre o percurso de Aaron Alexis, que as autoridades, como o FBI e a polícia, tentam juntar para perceber as motivações que o terão levado a lançar um ataque no edifício-sede do Comando de Sistemas Navais da Marinha, na manhã de segunda-feira em Washington. Este ex-militar-trabalhador-estudante de 34 anos é o principal suspeito e foi uma das 13 vítimas.

A imprensa norte-americana tenta reconstituir a vida de Aaron Alexis a partir dos registos da polícia e entrevistas nos vários sítios por onde passou: Seattle, Fort Worth e Washington D.C. onde estava a viver há umas semanas numa residência do Sudoeste da cidade.

Trabalhava há pouco tempo numa filial da Hewlett-Packard de serviços de informática para a Marinha e estava inscrito num curso universitário de Aeronáutica pela Internet. O contrato que assinara com a empresa ter-lhe-á facilitado o acesso às instalações da Marinha, sem levantar suspeitas, antes de matar 12 pessoas e ser morto pela polícia, provocando aquele que foi o mais grave tiroteio em instalações militares desde 2009 nos Estados Unidos, quando 13 militares foram mortos na base de Fort Hood, no Texas.

Na manhã do ataque, Aaron Alexis tinha consigo uma espingarda e pelo menos mais duas armas. Alguma destas terão sido compradas no estado de Virgínia, referiu ao USA Today um responsável ligado à investigação.

Ao Washington Post o amigo Oui Suthamtewakul diz que Aaron Alexis tinha uma arma “sempre com ele”, bebia muito e, apesar de ser prestável e gostar de conversar, no íntimo era reservado. “Era como um adolescente de 13 anos no corpo de um homem de 34. Precisava de atenção." Ao USA Today acrescenta ainda incrédulo: “Era um bom tipo para mim. Ainda não acredito que faria uma coisa destas.” A AP adianta entretanto que Aaron Alexis era doente mental: sofria de paranóia, tinha dificuldade em dormir e ouvia vozes.

Longe da família
Aaron Alexis nasceu em 1979 em Queens, Nova Iorque, escreve o New York Times, e cresceu nessa parte da cidade que alberga importantes comunidades de hispânicos, judeus ortodoxos e do Sul da Ásia. Aprendeu o tailandês e abraçou a cultura tailandesa, não só com a meditação no templo, mas indo um mês para a Tailândia.

Cresceu em Brooklyn com os pais, Cathleen e Anthony Alexis. A sua tia Helen Weekes disse a esse jornal não o ver “há vários anos”. Ouvido pelo New York Times, o cunhado diz que a sua mulher e irmã de Aaron Alexis não falava com ele há cinco anos. Mesmo assim, garante, “ninguém podia prever uma coisa destas, ninguém sabia nada dele”.

Além das ocorrências disciplinares dentro da Marinha, onde obteve o terceiro grau de electricista de Aviação. Fora da Marinha a sua folha também não era completamente limpa. Foi detido pelo menos uma vez. Mais do que uma vez disparou armas em momentos de uma revolta impulsiva.

Justificou à polícia ter disparado contra uma viatura estacionada junto à casa da sua avó em Seattle em 2004 com uma momentânea perda de controlo por se sentir “gozado” e “desrespeitado”. Nessa ocasião, disse ainda estar transtornado com a “tragédia do 11 de Setembro” de 2001; segundo o pai, Aaron Alexis ajudou nas operações de salvamento. A polícia acusou-o, mas não o prendeu.  

"Como um soldado vindo na guerra"
Anos depois, terá sido o incidente de 2010, também com uma arma, a ditar o afastamento da Marinha. Aaron Alexis vivia então num apartamento em Fort Worth, Texas. Disparou uma arma que atingiu, sem causar feridos, o apartamento de cima. A vizinha fez referência a ameaças que ele lhe fizera por ela se queixar do barulho. A polícia não deu seguimento ao processo por falta de provas.

Depois de expulso do apartamento, partilhou casa com um dos amigos que fez no templo onde fez meditação durante três anos.

“Era prestável”, diz J. Sirun, assistente dos monges do templo ao Washington Post. Sob a capa de uma aparente tranquilidade, dava provas de grande agressividade, acrescentou J. Sirun. “Não gostava de se aproximar de ninguém, como um soldado que esteve na guerra. Mas nunca pensei que ele pudesse ser violento assim. Por fora, era uma pessoa calma. Mas por dentro penso que era muito agressivo.”
 
 
 

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