A sida e os relativos sinais de esperança

Há bons sinais a anteceder a conferência de Melbourne, mas é essencial vontade política para avançar.

Os números são ambos “redondos” e trazem com eles alguma esperança. No domingo, na 20.ª Conferência Internacional sobre a Sida, que se reunirá em Melbourne, na Austrália, os delegados ouvirão dizer que em 2030 a epidemia pode estar controlada. Controlada não quer dizer erradicada, naturalmente. Porque o número de infectados em todo o mundo ainda é bastante elevado (35 milhões em 2013, mais cinco milhões do que em 2001) e porque ainda existirão 19 milhões de seropositivos que não sabem que estão infectados.  Mas há, segundos os dados divulgados pela organização da conferência, evoluções positivas: os casos fatais foram 1,5 milhões em 2013, menos 35% do que no pior ano da epidemia, 2005; o número de novas infecções está também a diminuir, de 2,2 milhões em 2012 para 2,1 milhões em 2013; e em 2013, cerca de 12,9 milhões tinham acesso a terapia anti-retroviral, mais do dobro do que em 2010. Mas há sempre um “se”.

“Se acelerarmos o investimento até 2020, estaremos em condições de acabar com a epidemia por volta de 2030”, diz Michel Sibidé, do programa ONU/sida. Mas há outro “se” a que é preciso prestar atenção: Se isso não acontecer, diz ainda Sibidé, há o risco de aumentar a esta miragem de recuperação uma década ou mais. Tempo perdido e, com ele, mais infectados e mais vítimas. África, que permanece o continente-vítima por excelência (com 24,7 milhões de seropositivos), lida ainda em alta escala com a ignorância em larga escala. E sabe-se que não é só em países africanos como o Congo e a Nigéria que a cobertura de tratamento está a diminuir, acontecendo o mesmo na Indonésia ou na Federação Russa. Ou seja: se não houver, da parte da totalidade dos  países, sobretudo dos mais atingidos, uma clara vontade política para levar por diante um combate sério, as premissas de hoje poderão tornar-se uma triste miragem.

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