A concelhia do PS-Porto ponderou retirar esta semana a confiança política à vereadora Carla Miranda e chegou mesmo a convocar uma reunião para discutir expressamente o assunto. No entanto, acabou por recuar.

Há muito que as relações entre Manuel Pizarro, o primeiro vereador do PS na Câmara do Porto e líder da concelhia, e Carla Miranda azedaram e esta semana as críticas da autarca à atribuição da medalha de Mérito Grau Ouro ao coleccionador de arte Sindika Dokolo foram a gota de água.

O executivo aprovou por unanimidade, em reunião privada do executivo, atribuir a medalha de ouro ao coleccionador de arte, marido de Isabel dos Santos, que vai apresentar na cidade uma exposição de arte contemporânea. A vereadora criticou o princípio subjacente à decisão de atribuir a medalha e disse que se abstinha, mas depois acabou por votar a favor.

Carla Miranda questionou a atribuição da medalha considerando que ela não cumpre o regulamento subjacente a estas distinções.

Manuel Pizarro não gostou e convocou de imediato uma reunião do secretariado da concelhia. Ao que o PÙBLICO apurou, Pizarro e José Luís Carneiro conversaram sobre o assunto na terça-feira, depois da cerimónia de doutoramento Honoris Causa de Jorge Sampaio, mas o líder da distrital socialista terá manifestado discordância, alegando que a retirada da confiança política à vereadora seria “perturbador para o PS". O líder concelhio, que está de saída do cargo, manteve a sua posição, alegando que Carla Miranda “há muito que já ultrapassou o limite”.

Artur Penedos, membro do secretariado concelhio, foi o primeiro a pronunciar-se na reunião contra a retirada da confiança política, considerando a medida “excessiva”. O ex-assessor dos assuntos sociais e laborais de José Sócrates defende que “os lugares têm de ser exercidos com muita responsabilidade” e criticou a atitude da vereadora que disse que esta seria a última vez que votaria favoravelmente. "Estas atitudes menorizam a posição do PS que tem um acordo pré-eleitoral com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira", declarou, sustentando que "os vereadores do PS têm de assumir as suas responsabilidades”.