PSD/Porto pede demissão de autarca a quem Rui Moreira retirou confiança política

Executivo da União de Freguesias do Centro Histórico reúne-se na próxima semana e António Fonseca diz que está "expectante" quanto à posição dos eleitos.

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Para a CDU, depois da retirada de confiança política a António Fonseca (na foto), "têm-se sucedido as decisões mais estranhas no executivo" Paulo Ricca

A decisão do movimento Rui Moreira: Porto, O Nosso Partido de retirar a confiança política ao presidente da União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, está a ter consequências nos partidos que apoiaram os independentes, como o CDS/PP, e também na oposição, com a concelhia do PSD/Porto a pedir mesmo a demissão de António Fonseca. O autarca já disse que não se demite.

Para a noite de terça-feira da próxima semana está marcada uma reunião do executivo da união de freguesias e António Fonseca disse ao PÚBLICO estar “expectante” quanto à posição dos seus membros. O autarca foi eleito pelas listas de Rui Moreira, mas viu-lhe ser retirada a confiança, depois da polémica que envolveu o colega de coligação e militante do CDS/PP, Sampaio Pimentel, e que nasceu do facto de Fonseca ter avançado com o policiamento pago em algumas ruas da movida portuense. Esta era uma medida há muito defendida pela Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP), a que o autarca continua a presidir, mas que foi apresentada como sendo da união de freguesias.

Na terça-feira, o movimento independente de Rui Moreira denunciou o que disse ser um afastamento de António Fonseca dos princípios de “lealdade e solidariedade”, acusando-o, em comunicado, de ter assumido, desde o início do mandato “posições políticas" e de "tomar decisões executivas que o afastam progressivamente” desses princípios e de não cumprir com “a intransigente defesa dos superiores interesses dos cidadãos, acima de quaisquer interesses corporativos ou sectoriais”.

Esta quarta-feira, o líder da concelhia do PSD/Porto, Miguel Seabra, defendeu, em declarações à Lusa, que “António Fonseca devia demitir-se”. O responsável diz que, se não for assim, a retirada de confiança política é “uma decisão sem consequências”. Um pouco antes, também a concelhia do CDS-PP/Porto anunciou, num comunicado enviado à Lusa, que tinha deliberado “retirar a este autarca a sua confiança política, demarcando-se institucionalmente das suas referidas posições políticas e decisões executivas”. O CDS-PP apoiou a candidatura de Rui Moreira à presidência da câmara.

Numa reacção a estas posições, António Fonseca diz que não entende a posição do CDS/PP, uma vez que nunca foi militante daquele partido e diz, irónico: “Eu não assinei qualquer acordo com o CDS. Fiz parte de um movimento de cidadãos. Aliás, eu nem sabia que os movimentos de cidadãos retiravam confianças políticas”. O autarca diz ainda que não pode deixar de associar a sua situação actual com o facto de, "há cerca de quatro meses" ter retirado o lugar de secretário (equivalente à vice-presidência) e pelouros a um colega do movimento, militante do CDS-PP, e que já integrava a gestão da anterior junta de Santo Ildefonso. "Ele disse, na altura, que esta minha decisão iria ter consequências políticas, porque havia um acordo [do movimento Rui Moreira com o partido]", afirma Fonseca.

Quanto à posição do PSD, o autarca diz que já a esperava e atribui o pedido de demissão a uma “vingança” dos sociais-democratas. “Eu ficava era surpreendido se o PSD dissesse o contrário, tendo em conta que avancei com queixas contra os ex-presidentes da junta de Santo Ildefonso e de Cedofeita, ambos eleitos pelo PSD, por causa de dívidas que deixaram”, diz. Fonseca salienta, aliás, que foi apenas há cerca de uma semana, a 19 de Março, que conseguiu o acordo para pagar em 60 prestações a dívida de cerca de 800 mil euros à Caixa Geral de Aposentações, que herdou dos anteriores executivos.

Uma reunião do executivo da união de freguesias chegou a estar marcada para a noite desta quarta-feira, mas foi adiada para terça-feira da próxima semana. O encontro poderá ser determinante para a continuação de António Fonseca à frente da autarquia. O líder da concelhia do PSD já disse que, caso ele não se demita, devem ser “os membros da junta e da assembleia de freguesia eleitos pelo movimento Porto, O Nosso Partido a exigir a sua demissão através da apresentação de uma moção de censura”. E, caso esta não surta efeito, então devem ser os eleitos desta lista a “demitir-se”. com Lusa

 
Actualizada com a nova data da reunião do executivo da união de freguesias

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