Nova derrocada na torre de menagem do castelo de Beja

Blocos de pedra com centenas de quilos caíram sobre um troço de muralhas e a entrada para a torre, mas sem causar vítimas.

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Pedro Cunha/Arquivo

Uma derrocada no balcão que ladeia a mais alta torre de menagem da Península Ibérica abriu uma nova ferida no mais emblemático monumento da cidade de Beja, precisamente aquele que mais fascina os artesãos e os poetas populares e eruditos alentejanos.

Na quinta-feira, ao final da tarde, blocos de pedra que pesam centenas de quilos caíram sobre as muralhas que ladeiam a torre de menagem e a entrada para esta que está aberta ao público até às 16h: o aluimento deu-se às 17h15.

"Ouvi um estrondo que parecia um trovão mais forte”, conta Luís Camacho, que na altura da derrocada estacionava a sua viatura numa das ruas que ladeiam a torre de menagem do castelo de Beja.

Ainda sem saber o que passava, Luís Camacho reparou que um grupo de pessoas no meio de um forte alarido apontavam de braços esticados para o alto da torre. “Reparei que faltava ali qualquer coisa”, observou o homem, que mora perto do castelo: a esquina do balcão, que envolve a fortificação a uma altura de cerca de 30 metros, tinha desaparecido.

Estava consumada a maior derrocada das últimas décadas no castelo de Beja, o que contraria a posição assumida pela Direcção Regional da Cultura do Alentejo, quando em 2010 e na sequência do aluimento de uma pedra no balcão dos matacães, o mesmo onde se registou a derrocada de ontem, “não identificou, aparentemente, situações de perigo imediato ou de ruína iminente".

Como medida de precaução, as subidas ao alto da torre de menagem haviam já sido interditadas.

O historiador e museólogo Leonel Borrela, que se deslocou ao castelo esta sexta-feira para observar o que se passava, disse ao PÚBLICO que a parte da estrutura que ruiu é precisamente aquela “onde as pessoas se posicionam para observar e fotografar Beja”.

É patente que persiste o perigo de derrocada de mais elementos do balcão, os chamados “cachorros” (pedras que suportam o balcão), admitiu Borrela, depois da observação que fez no local.

O historiador chamou a atenção para a fadiga dos materiais e a importância da manutenção de uma estrutura medieval que foi construída no século XIV, “muito provavelmente por D. Fernando”, atendendo à “grande beleza” da fortificação militar que “não tem paralelo na Península Ibérica”, observou.

O executivo da câmara municipal foi alertado para o que se estava a passar e de imediato mandou isolar a área afectada pela queda das pedras numa zona de intensa circulação de pessoas e viaturas, sobretudo em dias de mercado ao ar livre, aos sábados.

O município de Beja adianta que já comunicou o ocorrido “às entidades competentes, nomeadamente à Direção Regional de Cultura do Alentejo, que está a acompanhar a situação”.

A Câmara de Beja, que está a executar obras de manutenção na torre de menagem ao nível da iluminação e impermeabilização da cobertura, garante que da observação efectuada “não se vislumbra qualquer relação entre as obras em curso e o incidente”, que não causou vítimas.

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