Mais um mês para decidir futuro do Aleixo

Bairro social do Porto está nas mãos de um fundo imobiliário ameaçado de dissolução

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As quatro torres que vão permanecer de pé continuarão a contar a história do Aleixo Foto: Paulo Pimenta

Foi adiada, a pedido da Câmara do Porto, a continuação do Assembleia Geral (AG) do Invesurb – Fundo Especial de Investimento Imobiliário, responsável pelo futuro do Bairro do Aleixo. Os accionistas estiveram reunidos menos de meia hora e só devem voltar a encontrar-se a 26 de Fevereiro.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, não esteve presente e foi o seu chefe de gabinete, Azeredo Lopes, que comunicou aos jornalistas o pedido de suspensão da AG. O município, disse, “considerou que ainda não estava pronto para propor uma solução relativamente ao fundo”. O executivo de Rui Moreira estará a tentar, por todos os meios, evitar a dissolução do fundo, a braços com graves problemas de liquidez. “Uma das hipóteses é sempre a dissolução do fundo, [mas] o município do Porto quer dar um sinal claro – também com este pedido de suspensão – que está a trabalhar numa solução. Vamos ver se consegue chegar a bom porto”, disse Azeredo Lopes.

No início da semana, o Jornal de Notícias avançava com a informação de que havia um investidor nacional interessado no Invesurb. Rui Moreira recusou-se sempre a comentar essa informação e Azeredo Lopes optou pela ironia, afirmando ao jornalista que o confrontou com esse dado: “Se souber, dê-me se faz favor o cartão que contactá-lo-ei imediatamente”. Depois, o chefe de gabinete de Moreira admitiu que “o município está a trabalhar em várias hipóteses, que quando estiverem suficientemente maduras serão, com toda a transparência, apresentadas”.

Azeredo Lopes garantiu que a câmara “está a falar com todas as partes” envolvidas no processo e não pôs de parte que a dissolução está, também, em cima de mesa. “Ou o fundo se dissolve, e o presidente da câmara tem dito muito claramente que é uma das hipóteses, aquela que resulta da vida e dos azares do fundo; a outra hipótese é a de salvaguardar este projecto.” O responsável autárquico garantiu que a busca de soluções para o Bairro do Aleixo tem em consideração “as pessoas que habitam a zona do Aleixo e, depois, o mecanismo financeiro, de participação de diferentes entidades, que se destina a resolver esta questão, com o equilíbrio e salvaguarda, primeiro, do interesse público e, depois, dos interesses legítimos das partes privadas”.

O Invesurb tem como accionistas a Câmara do Porto, o empresário António Oliveira e empresas do Grupo Espírito Santo. A 13 de Janeiro, durante a reunião pública do executivo, Rui Moreira revelou que “os activos do Bairro do Aleixo estão em cinco milhões e 40 mil euros, muito próximo do mínimo legal [de cinco milhões de euros]” e que tanto as empresas do GES como a câmara estavam impedidas, por razões diferentes, de procederem a um aumento de capital. Na altura, o autarca manifestou a esperança de levar novidades ao executivo na reunião seguinte, que se realizou na passada terça-feira. Contudo, a continuação da AG, que chegou a estar agendada para a passada segunda-feira, seria adiada para esta quinta-feira. 

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