Já não haverá greve no metro de Lisboa na sexta-feira

Serviços mínimos motivaram decisão, mas mantém-se o pré-aviso para 17 de Abril. Carris estará em greve sexta-feira e no dia 22 de Abril.

Foto
A paralisação de 24 horas foi adiada uma semana Enric Vives-Rubio

Os sindicatos representativos dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa decidiram cancelar a greve que estava agendada para amanhã mas mantiveram a paralisação convocada para a próxima semana, no dia 17. Já na Carris, a greve de sexta-feira ainda não foi levantada e entregaram já outro pré-aviso de greve para 22 de Abril.

De acordo com Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), a decisão está relacionada com a falta de segurança, devido aos serviços mínimos decretados na terça-feira pelo tribunal arbitral do Conselho Económico e Social (CES).

“As organizações sindicais do Metropolitano reuniram-se, ponderaram as questões que tinham nesta altura em cima da mesa e acharam que não estão reunidas as condições de segurança quer para os utentes, quer para os trabalhadores”, disse a sindicalista à Lusa.

Por isso, acrescentou Anabela Carvalheira, os sindicatos “decidiram suspender esta greve, substituindo-a por outra que está marcada para o próximo dia 17”. “[Mas] a luta vai continuar contra esta intenção de privatização. Mudámos apenas o dia 10 para o dia 17”, disse.

Ao contrário do que tem sido habitual, o tribunal arbitral tinha decretado serviços mínimos para a greve na Metro de Lisboa, obrigando à realização de 25% das composições entre as 7h e as 21h.

Já em Novembro, quando o tribunal arbitral decretou serviços mínimos do mesmo tipo, a Fectrans manteve a greve, mas apelou aos trabalhadores que se apresentassem ao serviço por recear que a segurança dos passageiros fosse posta em causa.

Apesar do cancelamento da paralisação de sexta-feira, mantém-se a greve na Carris agendada para o mesmo dia. Aliás, trata-se de protestos conjuntos para contestar a subconcessão das duas empresas, que o Governo pretende concluir até ao final de Julho.

No que diz respeito à Carris, o tribunal arbitral decidiu-se apenas pelo funcionamento a 50% das carreiras 703 (Charneca do Lumiar - Bairro de Santa Cruz) e 751 (Linda-a-Velha - Estação de Campolide), tendo ainda definido como obrigatório o "transporte exclusido de cidadãos portadores de deficiência de acordo com o regime normal em vigor".

Ao contrário das greves na Metro de Lisboa, que, quando não há serviços mínimos, têm levado ao encerramento das estações, as paralisações na Carris não têm tido um impacto muito significativo, fruto da fraca adesão dos trabalhadores.

Os trabalhadores da Carris, do Metropolitano de Lisboa, da Transtejo e da Soflusa (responsáveis pelas ligações fluviais no Tejo) anunciaram a realização, a 22 de Abril, em Lisboa, de uma marcha “contra a privatização” daquelas quatro empresas de transportes. A marcha, marcada para as 10h00, terá início no Cais do Sodré e os e os trabalhadores convidam “as autarquias da região [de Lisboa] e, em particular, os seus presidentes, as comissões de utentes e todas as entidades e pessoas que se identifiquem com defesa de um serviço público de transportes e que se oponham à privatização destas empresas” a participar.

Entretanto, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, desafiou o novo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, a participar no concurso de subconcessão da Carris e do Metro, renovando o convite que já havia feito a António Costa.

"Aqui fica um repto para ele: venha a concurso. Ponha os serviços da câmara a preparar essa candidatura", lançou nesta quarta-feira o governante, no final da comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas, quando questionado sobre a decisão da autarquia de impugnar a abertura do concurso de subconcessão da Carris e do Metropolitano de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Sérgio Monteiro reconheceu que "não é uma boa notícia", admitindo que possa atrasar o calendário do Governo de concluir o processo durante a legislatura. "Vamos ver se afetará ou não o calendário", acrescentou.

Sérgio Monteiro lembrou que o plano do Governo sempre foi que, "depois de assegurar o equilíbrio operacional das empresas de transportes públicos", era necessário "garantir que a situação de 2011, em que as empresas estavam em risco de fechar, não se repetia".

"O risco hoje não existe, mas temos que evitar que decisões irresponsáveis de futuros políticos voltem a colocar as empresas sob esse risco", declarou, o que, defendeu, fica salvaguardado nos contratos de concessão da Carris e do Metropolitano de Lisboa.

Já em Março o Governo tinha apelado à Câmara de Lisboa para participar no concurso de subconcessão da Carris e do Metro, com a melhor proposta para ficar com a gestão do sistema de transportes, em vez de enveredar pela via judicial.

Sérgio Monteiro realçou que o Governo não tem dúvidas sobre a legitimidade para lançar este concurso de subconcessão, remetendo para um parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República, que diz que o Estado é o concedente e que tem plena legitimidade para lançar o concurso. com Lusa


Sugerir correcção
Comentar