Feira do Livro do Porto teve mais de 200 mil visitantes e em 2015 vai nascer sob o tema da Felicidade

Câmara do Porto anuncia que o volume de vendas deste ano foi superior ao de edições anteriores da feira.

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A Feira do Livro do Porto encerra no dia 21 de Setemnbro Nelson Garrido

O vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo Cunha e Silva, disse estar “contente e feliz” na hora de fazer o balanço da 1.ª edição da Feira do Livro do Porto organizada pelo município. E, provavelmente, estava já a enviar um sinal sobre a feira que há-de regressar à cidade, em 2015. É que esse certame, que irá homenagear a escritora Agustina Bessa-Luís vai ter como tema a “Felicidade”, revelou o autarca, esta terça-feira. E será feita pela câmara, nos moldes em que foi construída a deste ano, ainda que com ajustes, avisou o presidente da autarquia, Rui Moreira. As vendas foram “superiores” às de edições anteriores, anunciaram.

Primeiro, os números. Pela Feira do Livro do Porto, que terminou no domingo, passaram “mais de 200 mil pessoas”, o que “dobrou as melhores expectativas” da câmara, disse Paulo Cunha e Silva. O vereador disse ainda que o conjunto de actividades culturais organizadas durante a feira no auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett contou com a presença de quase “25 mil pessoas” e a exposição de ilustração infantil foi vista por “10 mil visitantes”.

As vendas também correram bem, de acordo com o administrador da empresa municipal Porto Lazer, Hugo Neto. “Segundo os dados que temos, o volume de vendas está acima de edições anteriores da Feira do Livro. Esta é uma informação que ainda estamos a trabalhar, mas que assenta no feedback que já recolhemos”, disse.

Rui Moreira lembrou que a feira recebeu também o Serviço de Apoio à Reutilização dos Livros Escolares (SMARLE) e foi desses números que preferiu falar. No stand foram depositados 2645 manuais e levantados 1356. “Foi um enorme sucesso. Houve mais pessoas a depositar livros do que a levantar, o que só mostra que este é um modelo que não pode ser travado”, disse.

E esta actividade é uma das razões apontadas pelo autarca para que, em 2015, a Feira do Livro se mantenha em Setembro. “Para o ano, certamente um maior número de pais vai aguardar [pela feira] antes de comprar os livros escolares e há outros que em Junho vão ter de certeza o cuidado de entregar mais livros”, disse.

Na hora do balanço, foi também do futuro que se falou, com Moreira e Cunha e Silva a defenderem o modelo implementado este ano e a sua continuidade. O vereador da Cultura ficou sem qualquer dúvida quanto ao local escolhido. “A feira colocou os jardins do Palácio de Cristal na psicogeografia da cidade. Havia imensa gente que passava por lá e ficava espantada e esta redescoberta daquele espaço é uma grande conquista”, disse. Rui Moreira apresentou outras razões, para além do SMARLE, para que Setembro se mantenha como a época preferida da câmara para realizar a Feira do Livro. “Temos que propor uma oferta cultural e lúdica que tem de ser equilibrada. Junho é o mês do S. João e não nos parece fazer sentido uma hiperconcentração [de eventos]. Temos de encher o calendário e encontrar o justo equilíbrio”, defendeu.

Por fim, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). Na semana passada, João Alvim, que preside à APEL, manifestou a vontade de voltar a organizar uma feira no Porto. Rui Moreira, que elogiou o trabalho realizado pelos funcionários da autarquia (trabalho insourcing, como referiu), reagiu a essa possibilidade de diferentes formas, mas sempre no mesmo sentido. “Não vamos ter outsourcing [na organização da feira] nos modelos em que foi feito no passado”, disse. E também: “Se a APEL quiser participar nos nossos termos e nas nossas condições, pode fazê-lo. Esta é a feira da cidade do Porto”.

O resto, disse Paulo Cunha e Silva, são ajustes. Há que fazer ajustes aos horários ou à organização dos stands no espaço. Um inquérito realizado junto do público e dos responsáveis pelos stands deverá ajudar nessa tomada de decisão. Irónico, o vereador diz que só uma negociação se está a revelar verdadeiramente difícil: “O tempo. Estamos em contacto com o S. Pedro, mas o acordo ainda não está estabilizado”, disse.

Livreiros aplaudem
Num documento assinado por quase todos os livreiros que participaram na feira, e que será agora enviado a Rui Moreira com cópia para o vereador da Cultura, afirma-se que "o balanço é francamente positivo, não só nos seus aspectos mais relevantes (excelência da organização, afluência do público, vendas significativas), como no que concerne à dinamização lúdico-cultural que a Câmara Municipal do Porto e o seu Pelouro da Cultura, através da Porto Lazer, incluíram (e concretizaram) nos seus objectivos”.

Os signatários congratulam-se, pois, com “a feliz iniciativa da autarquia portuense”, asseguram a sua “total concordância com este projecto” e declaram-se “convictos de que o sucesso presente será replicado e optimizado no futuro”.

Segundo Dina Ferreira da Silva, da livraria Poetria, só sete dos participantes não assinaram o documento, e quatro deles porque a pessoa que recolhia as assinaturas foi surpreendida pelo temporal que marcou o encerramento da feira, no domingo à noite, e já não conseguiu contactá-los.

Se o modelo agora inaugurado pela autarquia convenceu a esmagadora maioria dos livreiros que aceitaram o desafio, esse consenso, garante Dina Ferreira da Silva, é extensivo à escolha dos jardins do Palácio de Cristal como cenário da feira.

Já a sua realização em Setembro divide opiniões, e alguns dos livreiros que assinaram este documento acrescentaram mesmo declarações a dizer que, concordando embora com o modelo, discordam da data. “Muitos preferiam que fosse em Junho”, diz a responsável da Poetria.

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