APEL disponível para voltar à Feira do Livro do Porto se a Câmara assim o quiser

“Gostaríamos de voltar, faz todo o sentido”, diz João Alvim, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

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A Feira do Livro do Porto encerra no dia 21 de Setemnbro Nelson Garrido

Quando a Câmara Municipal de Rui Moreira quiser retomar o diálogo para a organização futura da Feira do Livro do Porto, a APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) estará disponível para falar e, quem sabe, voltar. Foi o que João Alvim, presidente da associação, defendeu nesta segunda-feira, destacando, no entanto, que a Feira do Livro de Lisboa, organizada pela APEL, e a Feira do Livro do Porto, organizada pela Câmara desta cidade, são eventos distintos com objectivos também eles diferentes.

“A Câmara do Porto quer fazer uma coisa diferente da feira tradicional da APEL”, diz João Alvim, à margem da apresentação do estudo Comércio Livreiro em Portugal, feito em parceria com o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa e que analisou em detalhe a evolução do mercado livreiro nos últimos anos. “A Feira do Livro de Lisboa tem como objectivo expor os seus autores, já a Feira do Porto tem muito mais características de um evento cultural”, continua o presidente da APEL, referindo-se aos principais motivos de discórdia que afastaram a sua associação da organização do evento literário do Porto.

Ao assumir a autarquia do Porto, Rui Moreira anunciou a vontade de fazer regressar à cidade a Feira do Livro mas as negociações com a APEL, que até ali organizava a feira, caíram por terra no início deste ano. Houve uma quebra nas negociações mas o presidente da Câmara manteve mesmo assim a vontade em organizar o evento. É a primeira vez, aliás, que a Câmara do Porto organiza em exclusivo, com o apoio da empresa municipal Porto Lazer, esta feira, decidindo transformá-la de facto num “evento literário” e mudando-a de local – acontece no Palácio de Cristal – e com uma nova data: inaugurou a 5 de Setembro e mantém-se até ao próximo dia 21.

“Nós não nos propomos a organizar um evento multicultural, é outra organização. Na nossa Feira, o livro e o autor são verdadeiramente as estrelas”, explica João Alvim, destacando que 95% dos eventos que acontecem em torno da Feira do Livro de Lisboa são organizados exclusivamente pelas editoras. E não era isto que estava a ser negociado com a Câmara do Porto, que apresenta, segundo o presidente, “uma feira de carácter cultural na qual o livro está presente”.

No entanto, João Alvim diz estar atento e valorizar que eventos assim aconteçam no país. Segundo números divulgados nesta segunda-feira pela Câmara do Porto, já150 mil pessoas visitaram o evento. O presidente da APEL diz estar disponível para retomar o diálogo com Rui Moreira “no dia em que a Câmara assim o quiser”. “Gostaríamos de voltar, faz todo o sentido”, acrescenta ainda, notando que para “organizar feiras é preciso que a APEL tenha meios”. Uma das críticas feitas à APEL para a organização da Feira do Porto foi o preço elevado cobrado para a inscrição no evento. E sobre isso, João Alvim afirma que “houve uma interpretação errónea por parte da Câmara”. “A APEL é uma associação sem fins lucrativos, não quer ganhar dinheiro com isto.”

 

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