Encerrada fila para visitar Galerias Romanas de Lisboa devido ao enorme afluxo de público

Às 11h, a fila para visitar as galerias da Rua da Prata já chegava ao Rossio. Só na sexta-feira as galerias foram visitadas por quase 2000 pessoas.

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A abertura das galerias ao público decorre com regularidade desde os anos 80 Daniel Rocha

O “extraordinário afluxo de público” levou este sábado a Câmara de Lisboa a fechar às 11h a fila para visitar as galerias romanas, na Rua da Prata, para permitir a entrada ainda neste dia às pessoas já à espera.

“Já não vale a pena as pessoas dirigirem-se para as galerias, porque não vão conseguir entrar hoje no monumento”, adiantou a mesma fonte, que apela “à compreensão de todos”. As visitas são realizadas em grupo e não necessitam de marcação prévia, bastando aos interessados dirigirem-se ao ponto de encontro, junto ao n.º 77 da Rua da Conceição.

Contudo, às 11h, a fila para visitar as galerias já chegava ao Rossio, o que levou a organização a fechar a fila e a pedir às pessoas para se retirarem, uma vez que o último grupo entra às 17h30.

A fonte da Câmara Municipal de Lisboa adiantou que no primeiro dia da visita, na sexta-feira, entraram quase 2000 pessoas nas galerias, sendo a média dos três dias de cerca de 5000 visitantes.

As visitas às galerias romanas da Rua da Prata são acompanhadas por técnicos do Museu da Cidade e Centro de Arqueologia de Lisboa (CAL) e terminam neste domingo. A iniciativa é de novo realizada no âmbito das Jornadas Europeias do Património, a que a Câmara de Lisboa aderiu, que este ano são dedicadas ao tema “Património/LUGARES”.

O monumento, raramente visível devido às condições de acessibilidade, foi descoberto durante a reconstrução da cidade após o grande terramoto de 1755, tendo sido a estrutura alvo de várias teses sobre a sua função original, sendo hoje quase unânime que seria um criptopórtico. Os criptopórticos eram construções abobadadas, adotadas pelos romanos em terrenos instáveis ou irregulares para criar uma plataforma de suporte a outras edificações, normalmente públicas.

As primeiras notícias sobre um vasto conjunto de galerias no subsolo de Lisboa surgiram em 1771, mas "a incipiente noção de património na altura levaria a que apenas uma inscrição romana dedicada a Esculápio (Deus da Medicina) fosse salvaguardada", segundo informação divulgada pelo museu.

As galerias foram apenas abertas para visitas esporádicas de jornalistas e investigadores, iniciadas em 1909, sendo à data conhecidas como "Conservas de Água da Rua da Prata" por serem usadas pela população como cisterna. A partir dos anos 80, abrem ao público com regularidade, mas acesso restrito, mediante condições criadas pela câmara municipal.

Apenas uma vez por ano é possível descer às galerias, pois "encontram-se com um nível de água elevado cuja bombagem é um processo moroso e que levantaria problemas de conservação do próprio edifício e dos edifícios pombalinos anexos, se retirada mais amiúde", explica o museu.
 

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