Depois da criação, como difundir e internacionalizar projectos artísticos?

Conferência internacional discute este sábado conceitos de criação em rede na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira. Procura-se um novo paradigma

A primeira fase do processo, que tem sido mais abordada e esmiuçada, é a criação artística e que tem arrastado para o debate os mecanismos de suporte e financiamento para que as ideias se concretizem. A segunda etapa, a da difusão, que permanece na sombra e que também merece ser analisada e revirada do avesso, será aprofundada este sábado na conferência Internacionalização de Projectos Culturais para o Espaço Público – O Papel das Redes, que tem lugar na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira, a partir das 15h00.

Neste encontro, promovido no âmbito do Imaginarius 365 e financiado pela Direcção-Geral das Artes, serão expostos os conceitos e funcionamento de três agentes de suporte à difusão e comunicação de projectos artísticos e partilhada a visão de artistas sobre a realidade nacional com os olhos postos na internacionalização do que se cria para o espaço público.

Anne-Louise Cottet, coordenadora geral da Circostrada Network e responsável pelas relações internacionais do Hors les Murs, centro francês de recursos nacionais de artes de rua e dos artistas de circo, e Antònia Andúgar i Andreu, directora de mercados do Departamento de Cultura do Governo Regional da Catalunha e responsável pela plataforma Creative Catalonia, estão presentes na conferência para partilhar conhecimentos e estratégias. Cristina Farinha, directora-executiva da ADDICT – Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas e responsável pelo EFFE – Europe for Festivals, Festivals for Europe, e Lígia Lebreiro, directora artística da Companhia Persona, compõem o painel de convidados. Joana Fins Faria, subdirectora-geral das Artes, modera o encontro.

“Num mundo globalizado, as redes são mais importantes do que nunca, e não só no domínio das artes. Partilhar interesses, melhores práticas, ou problemas, é sempre positivo porque enfrentamos os mesmos desafios”, refere ao PÚBLICO Antònia Andúgar i Andreu, uma das oradoras convidadas. “Não devemos esquecer que as redes são a melhor estratégia para lidar com decisores, agências governamentais e lobby, para melhores políticas de apoio à internacionalização dos artistas e do seu trabalho”, acrescenta.

Há vários constrangimentos pelo caminho e um deles são os orçamentos limitados. “Mas, mais importante, precisamos de um público fiel”. Na opinião de Antònia Andúgar i Andreu, é fundamental trabalhar audiências. “Precisamos de pessoas, de todas as idades e origens, dispostas a ver os espectáculos. Sem uma audiência, não importa se há uma grande performance internacional na cidade”, observa.

O acesso às novas tecnologias também entra no assunto. Condiciona a forma de ver o mundo, de o absorver, e muda a abordagem relativamente aos eventos culturais. Além disso, há um tempo de lazer limitado e prazeres que podem competir uns com os outros. “A internacionalização dos projectos artísticos poderia ser feito através de um evento ao vivo, ou talvez através de uma plataforma de partilha na internet, algo que não tínhamos antes”, comenta a responsável. “O novo paradigma está provavelmente na busca de experiências e as artes de rua são fortes nesse campo”, remata.

A internacionalização dos projectos culturais, sobretudo para o espaço público, tem estado em cima da mesa, e a conferência internacional procura perceber o que se pode fazer para que o se cria dentro de um país chegue a outros. A Santa Maria da Feira está dentro do assunto, uma vez que tem sido anfitriã de vários projectos artísticos feitos na Europa, e não só, que todos os anos são apresentados num gigante palco ao ar livre do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira.

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