CDU considera que mandato de Rui Moreira está a ser de “muita parra e pouca uva”

Comunistas consideram que a mudança proclamada pela maioria não tem suficiente correspondência na realidade

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O vereador Pedro Carvalho diz que a CDU é “a única força da oposição” Pedro Carvalho

A nova marca do Porto (Porto.), que foi apresentada à cidade no mesmo dia em que passava um ano sobre as eleições autárquicas, não constava da avaliação formal que os eleitos da CDU fizeram do seu próprio mandato e do mandato de Rui Moreira, mas acabou por ser uma presença forte na conferência de imprensa desta terça-feira. O deputado municipal Honório Novo classificou a governação da câmara como “muita parra e pouca uva” e questionou se a grande obra que Moreira tinha para mostrar, ao fim de quase um ano de trabalho, era “aquela que não estava anunciada, a mudança de logótipo”.

O deputado da assembleia municipal deixou mesmo um desafio directo ao executivo liderado por Rui Moreira: “Qual é a grande obra, a grande estratégia, o grande plano de intervenção que, dentro da perspectiva eleitoral da própria maioria e do PS [que se coligou com Rui Moreira], avançou? Digam lá o que fizeram, um único exemplo que corresponda às necessidades da população e que fizesse parte dos vossos compromissos eleitorais. Nem um”, disse.

Numa referência às selfies tiradas pela vereação, durante a apresentação da nova imagem, Honório Novo criticou: “Uma selfie da população carenciada, da que não tem emprego, que há um ano ouviu as promessas eleitorais, seria, porventura, muito pouco sorridente.”

E este foi o mote para que Artur Ribeiro, também deputado municipal da CDU, defendesse que a habitação continua a ser “o grande problema” do Porto. “Qual é a política de habitação social da câmara do Porto? Nenhuma. Não se sabe”, afirmou.

Antes, o vereador Pedro Carvalho fizera um balanço da actividade da maioria e também da CDU, na autarquia, proclamando esta força política como “a única força da oposição” no executivo, já que entre os vereadores do PSD, considerou, “existe um total alinhamento [com a maioria] nas questões essenciais”.

Apesar de detectar algumas marcas positivas no último ano – a alteração do regimento da câmara, a existência de uma estratégia na Cultura e a criação de um Provedor do Inquilino Municipal, proposto pela CDU –, os comunistas consideram que “as declarações de mudança não tiveram tradução em alterações substanciais de políticas” e que há ainda muitas matérias sobre as quais subsistem dúvidas.

A CDU quer saber como será o novo regulamento de propaganda, se vai ou não manter-se a concessão da limpeza da cidade, que investimentos serão feitos nos bairros municipais, se o estacionamento na via pública é mesmo para ser privatizado e qual o plano da autarquia para as ilhas de habitação não municipais.

O resto – da falta de solução, até à data, para o Mercado do Bolhão, à demora na tomada de decisão sobre o fundo de investimento do Bairro do Aleixo, passando pela anuência à “privatização” da STCP e à ausência de “uma estratégia para consubstanciar a tão proclamada prioridade a Campanhã”, entre outras questões – mereceu muitas críticas dos comunistas.

No final da conferência, Pedro Carvalho e Artur Ribeiro iriam receber, como é costume à terça-feira à tarde, os munícipes que ali levam as suas preocupações e pedidos. O número de munícipes atendidos, até ao momento da conferência, ascendia a 526, e a CDU já apresentara no executivo 56 propostas. Destas, 28 foram aprovadas.

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