Câmara do Porto lança jornal em papel na era do digital

Nova publicação, cujo formato e o modelo remetem para o revivalismo dos jornais antigos, começa esta quinta-feira a ser distribuída.

Foto
DR

Na era das plataformas digitais, a Câmara do Porto aposta num jornal em papel, uma opção que marca o carácter da cidade. Chama-se Porto., tem 24 páginas em cor salmão e chegará a partir desta quinta e sexta-feira a todas as caixas do correio portuenses, sejam residenciais ou comerciais,

Na apresentação da nova publicação, que decorreu nesta quarta-feira no átrio da Câmara do Porto, o presidente Rui Moreira justificou a opção pelo papel e explicou que a inspiração gráfica do Porto. foi baseada em antigos jornais centenários da cidade.

Nuno Santos, adjunto do presidente da câmara e responsável pelo gabinete de comunicação do município, revelou, por seu lado, que a publicação tem um formato e grafismo que pretende reavivar a memória dos jornais antigos, numa cidade que já teve três diários centenários. Foi nesses modelos que Eduardo Aires se inspirou para criar o novo jornal do Porto. “Queríamos um jornal à moda do Porto e esse foi o desafio lançado”, declarou o independente Rui Moreira, sublinhando que o projecto foi pensado, reflectido e debatido com todas as forças políticas. “Queríamos um jornal informativo e um produto barato, que dê conta do que se passa na cidade", sintetizou o autarca, destacando o carácter informativo da nova publicação, onde “nada foi censurado”, como fez questão de referir. A iniciativa tem a participação de “todas as forças políticas”. Se assim não fosse - frisou - “perdia a graça”.

Numa sessão muito concorrida, o presidente declarou que o Porto. é feito com “muitos recursos endógenos, cujo custo não está quantificado, e não esqueceu a importância que é dada à fotografia, que está confiada a Miguel Nogueira, que Rui Moreira fez questão e elogiar. “Conseguimos responder a um desafio da cidade”, congratulou-se.

Com uma tiragem de 180 mil exemplares e um custo de 21 mil euros, a nova publicação, que será distribuída gratuitamente, “não terá textos laudatórios sobre o presidente da Câmara do Porto nem adjectivações sobre a actividade autárquica”, referiu Nuno Santos, informando que  o “formato e o modelo remetem para o revivalismo dos jornais antigos”. O assessor do presidente não o disse, mas ficava implícita nas suas palavras uma crítica a Rui Rio, o ex-autarca, que tinha sempre um grande destaque na revista Porto Sempre, criada na gestão que antecedeu Rui Moreira.

Na edição de lançamento, que hoje chega a casa dos portuenses, pode ler-se um editorial de Rui Moreira,“ algumas crónicas críticas à actividade do executivo”, uma grande entrevista ao músico Miguel Guedes, feita pelo jornalista Artur Carvalho da TSF, entre outros assuntos. A entrevista, que será sempre feita por um jornalista convidado exterior à câmara, “é um grande espaço de liberdade do jornal”, disse o autarca. O Porto., procura colmatar a falta de informação local, que deriva da quase inexistência de jornais no Porto.

 

Sugerir correcção
Comentar