Câmara de Viseu prepara novo modelo de atribuição de apoios à cultura

Município pretende apoiar projectos, mais do que subsidiar instituições. E quer cultura ao longo de todo o ano.

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A dança e o teatro serão áreas prioritárias nos apoios da autarquia à cultura Paulo Pimenta

A Câmara de Viseu está a preparar um novo modelo de planeamento e atribuição dos apoios municipais à produção cultural e à formação de públicos, que será baseado numa lógica de concurso de ideias e de projectos. A intenção de aplicar um novo modelo foi esta quinta-feira apresentada pelo presidente da Câmara, Almeida Henriques, no fórum Viseu Cultura, realizado com o objectivo de auscultar opiniões e recolher sugestões dos seus membros.

Segundo Almeida Henriques, a Câmara pretende lançar até ao final do mês um convite público (à semelhança das "call" dos programas comunitários) "para atribuir os apoios financeiros ou institucionais, em função de prioridades e com maior transparência". "Salvo algumas excepções, esta 'call' concentraria a generalidade dos apoios municipais à produção e oferta cultural que pretenda beneficiar do financiamento ou do apoio da Câmara", explicou.

O autarca sublinhou que "o desígnio de fazer de Viseu um pólo regional e nacional relevante de cultura e de criatividade" obriga a Câmara a ter "uma política mais consistente, mais organizada e mais esclarecida na organização da agenda cultural e no estímulo às criações". "A ambição de fazermos de Viseu, a dez anos, o terceiro pólo cultural do país exige que a actuação do município tenha um sentido mais estratégico e que a rede dos agentes culturais participe de uma política e contribua para ela", acrescentou.

Durante o seu primeiro ano de mandato, Almeida Henriques detectou vários aspetos a melhorar, como o combate à "híper-concentração de realizações na época alta e nos meses quentes", devendo, por isso, ser incentivada uma programação ao longo de todo o ano. Fomentar mais a produção cultural e criativa local e a formação de talentos locais, bem como as parcerias locais e a cooperação, descentralizar os eventos pelo concelho e estimular a lógica do co-financiamento e da angariação de patrocínios foram outras necessidades identificadas.

Segundo Almeida Henriques, "estes objectivos pedem uma maior concertação entre o município e os agentes culturais e pedem um outro paradigma de actuação do município, nomeadamente na gestão da atribuição de apoios". O autarca apontou como exemplos de prioridades "projectos criativos que contribuam de forma relevante para a formação e qualificação de talentos locais" e "projectos de conhecimento e divulgação do património, em particular ligados ao centro histórico, às grandes figuras históricas e míticas de Viseu e ao património imaterial".

Também projectos "em domínios com elevado potencial de diferenciação como a dança, o som e o teatro de rua" e aqueles que fomentem "a inclusão social e a formação de novos públicos" terão prioridade. Será ainda dada preferência a "projectos de criação que concorram para a qualificação de importantes eventos municipais" (como a Feira de São Mateus, o Viseu Natal Sonho Tradicional e a Festa das Vindimas) e a "grandes eventos ou festivais com potencial de impacto nacional ou internacional e atração de visitantes", acrescentou.

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