Uma época de recordes negativos para o FC Porto

Os efeitos da mudança de treinador a meio da época foram desastrosos, com a equipa a marcar menos golos e a sofrer mais. Só em 2013-14 os “dragões” terminaram uma temporada com mais derrotas

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Desde a chegada de José Peseiro, o FC Porto somou nove vitórias e sete derrotas FERNANDO VELUDO/AFP

Os avisos feitos pelo presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, numa entrevista ao Porto Canal, caíram em saco roto e o FC Porto sofreu mais uma derrota, a segunda consecutiva no campeonato, algo que não se via no Dragão desde a temporada 2008-09. No total, já são 13 os desaires averbados pelos “dragões” na presente temporada, em todas as competições, o que situa a época 2015-16 entre as mais negativas da história do clube “azul e branco”. A substituição de Julen Lopetegui por José Peseiro não produziu os efeitos desejados, com a equipa à deriva e já a dez pontos do segundo classificado, o Sporting.

A mudança de treinador aconteceu logo no início deste ano mas as estatísticas mostram que o FC Porto passou a ter piores números. Em 2015-16, Lopetegui orientou o FC Porto num total de 25 jogos em todas as provas, com 17 triunfos, quatro empates e quatro derrotas (16% do total de partidas). Peseiro leva 16 jogos ao leme dos “dragões”, divididos por campeonato, Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga, não tendo ainda somado empates: tem nove vitórias e sete derrotas, com os resultados negativos a representarem 43,7% do total no registo do técnico português.

Há um aspecto que também deverá preocupar os responsáveis portistas: a produção atacante da equipa abrandou, ao mesmo tempo que aumentou a fragilidade defensiva. Com Lopetegui, o FC Porto tinha marcado 44 golos e sofrido 19 em 25 encontros, uma média superior a 1,7 golos marcados e 0,7 sofridos por jogo. Com Peseiro, marcaram-se 22 golos em 16 partidas (pouco mais de 1,3 por jogo) e sofreram-se 19 (quase 1,2 por jogo). As palavras a respeito do futuro do treinador que Pinto da Costa disse na entrevista referida pairam sobre a cabeça do técnico ribatejano como um presságio ominoso. “[Peseiro] é quem está a trabalhar comigo no novo projecto. Tem contrato de um ano e meio”, afirmou o dirigente, para relativizar pouco depois: “[Mas] no futebol não se pode garantir nada.”

Peseiro está entre os treinadores com pior registo na história do FC Porto. Olhando apenas àqueles com um mínimo de dez jogos no comando, só é suplantado por Augusto Silva, que orientou os “dragões” nas primeiras 22 jornadas do campeonato em 1949-50 com dez derrotas, outras tantas vitórias, e dois empates. Héctor Puricelli, técnico uruguaio que treinou o FC Porto em 1959-60, resistiu menos de dois meses no cargo tendo registado seis derrotas nas nove partidas em que esteve no comando.

Apesar de Pinto da Costa ter feito um apelo ao brio dos jogadores, assumindo que a época acabou e que os jogos que restam no calendário vão servir “para mostrar quem tem carácter e valor para jogar no FC Porto”, os “dragões” não evitaram a segunda derrota consecutiva no campeonato – algo que era uma realidade distante para os “azuis e brancos”, que não viviam tal situação há mais de oito anos. Com 13 derrotas até ao momento na presente temporada, em todas as competições, o FC Porto ainda está aquém da pior época do historial: em 2001-02, ano que começou com Octávio Machado no comando técnico e terminou já com José Mourinho, os “dragões” perderam um total de 16 jogos.

As seis derrotas no campeonato que o FC Porto já averbou em 2015-16 não são recorde, mas desde o início do século só houve duas épocas com mais resultados negativos. No ano 2001-02, com Octávio Machado e José Mourinho, os “dragões” perderam oito vezes na I Liga. Em 2013-14 os “azuis e brancos” perderam sete vezes no campeonato: quatro com Paulo Fonseca e três com o seu sucessor, Luís Castro.

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