Um Governo casual

1. Ainda há dias aqui registávamos a “tese” do Ministro da Administração Interna sobre a eficácia das medidas contra a violência nos espectáculos desportivos, depois do mesmo ter vivido num injustificável silêncio sobre os incidentes registados em Guimarães a uma semana de acto eleitoral. Disse o governante que havia dois pesos e duas medidas: quando se mirava as competições organizadas pela UEFA ou pela FIFA, as sanções eram pesadas e eficazes; o mesmo não sucedia com as determinadas pelo Estado. Reagem celeremente as organizações desportivas nacionais ao que vem de fora, descuidando o registo interno. Sobre esta visão dedicámos, então, algumas palavras críticas.

2. A semana passada veio comprovar que eu estava errado e bem andou o senhor ministro. Na verdade, graves actos de violência foram registados aquando do jogo de futebol FC Porto–Sporting. Em virtude do jogo, propriamente dito, não ter suscitado “polémicas “ de maior – e muito por isso -, a comunicação social fez eco – quase sem precedentes – desse actos e da sua gravidade, mantendo o povo ocupado segunda-feira e ainda terça-feira de manhã. O Governo, esse, de nada se “apercebeu”. O Estado já nem sequer chora como um crocodilo, em matéria de violência no futebol. Vivemos um novo paradigma (adoro esta palavra).

3. Porém, quando o presidente da FIFA melindrou Cristiano Ronaldo, o Governo – aplicando a máxima do seu ministro da Administração Interna -, reagiu em bloco, em nome dos mais altos valores da pátria. Afirmou o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares: “Todos podemos ter momentos infelizes em que nos sai uma palavra, uma frase ou um comentário que mais tarde, com outra ponderação, gostávamos de não ter dito. A pantomima que o senhor Blatter encenou sobre o Cristiano Ronaldo não foi um momento desses, foi uma triste figura”; a postura de Blatter foi "triste e ofensiva para o Cristiano e para os amantes, em todo o mundo e, particularmente, em Portugal, do espectacular futebol que ele tão bem joga".

4. Por seu turno, na quarta-feira, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude (?) proferiu relevantes declarações “ao vir a público”: "Quem tem responsabilidades tem de ter atenção ao que vai dizendo, porque é exigido bom senso (Ups!). O Cristiano Ronaldo é um grande orgulho para todos nós e para todos os adeptos do futebol, porque é uma das maiores estrelas da modalidade, que motiva paixão em todo o lado. É reprovável". Instado, nesse dia (ou seja alguns dias depois do sucedido), proclamou quanto aos actos de violência dominicais: "Quando temos um instrumento como interditar o acesso a pessoas que reiteradamente provocam este tipo de situações não consigo compreender porque a justiça não aplica essa sanção como em outros países. Sendo aplicada em número substancial, permitiria limpar os estádios desse tipo de intervenientes que não fazem falta ao Desporto." Não percebe? A justiça? O problema não é seu? Governa o quê? Será o meu pai o culpado?

5. "Desloquei-me hoje à Nazaré acedendo a um amável convite que o Garrett McNamara me fez. Nessa altura, ficou prometido que quando a 'época' das ondas se iniciasse viria cá. Aqui estou e duplamente impressionado, pela dimensão das ondas, que pelo que sei não estão no seu máximo, e o número de pessoas que aqui se juntou", afirmou Emídio Guerreiro. Uau! Marés vivas. Quiçá uma viagem de estudo ao Havai.

6. Quando for grande quero ser político em Portugal. josemeirim@gmail.com

 


 

 

 

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