A autodestruição esteve perto, mas Cristiano Ronaldo teve cabeça

O avançado do Real Madrid foi a grande figura do encontro, empurrando Portugal para a vitória em Belfast (4-2).

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Foto: Peter Muhly/AFP
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Ronaldo marca de cabeça Cathal McNaughton/Reuters
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Levou a bola para casa no fim Cathal McNaughton/Reuters
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Cathal McNaughton/Reuters
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A 28 de Março de 1973, no Highfield Road Stadium, em Coventry, virou-se uma página na história da selecção portuguesa. Eusébio da Silva Ferreira marcou o seu último golo por Portugal, de penálti, num empate (1-1) frente à Irlanda do Norte que nada significou na campanha falhada para chegar ao Mundial 1974. Foi o último dos 41 golos do “Pantera Negra” com a camisola portuguesa. Quarenta anos depois, não podia ter sido um adversário diferente aquele que Cristiano Ronaldo escolheu para ultrapassar Eusébio nestas contas. Foi da sua cabeça e do seu pé direito vieram os golos do triunfo português por 4-2 em Belfast sobre os norte-irlandeses e que mantiveram a formação de Paulo Bento na luta por um lugar no Mundial do próximo ano.

Portugal continua apenas a depender de si próprio para segurar o segundo lugar do Grupo F e ainda pode sonhar com mais um deslize da Rússia para eventualmente chegar ao primeiro lugar. Esta sexta-feira, no Windsor Park, manteve-se no caminho certo graças ao seu capitão, que não se limitou a igualar Eusébio. Ultrapassou-o e passou a contabilizar 43 golos, naquele que foi o seu primeiro hat-trick pela selecção — ele, que passou a última semana sem se poder treinar normalmente e cuja utilização esteve em dúvida até ao fim.

Foi Ronaldo que assumiu a liderança quando a selecção portuguesa parecia estar a autodestruir-se, foi da sua cabeça que vieram os golos quando o jogo estava inclinado para o lado contrário, não apenas pela eficácia norte-irlandesa ou pela desinspiração portuguesa, mas também pela acção de um árbitro muito pouco rigoroso. Tudo acabou bem, mas esteve mal durante muito tempo.

Sem o benefício da tranquilidade, amputada por resultados comprometedores no primeiro terço da qualificação, a conta mais fácil para a selecção portuguesa era mesmo a vitória, até porque, horas antes, a Rússia tinha ultrapassado facilmente o Luxemburgo (4-1). Paulo Bento tinha insistido no carácter não decisivo do jogo, mas, pelo menos, um empate era essencial para manter o objectivo realista do segundo lugar do grupo dentro do controlo português. O seleccionador foi fiel ao seu plano de jogo, apostou no “onze” mais previsível, confirmando a disponibilidade física de Ronaldo. Do lado da Irlanda do Norte, jogava-se apenas uma residual possibilidade matemática, mas os homens da casa tinham a história do seu lado: naquele estádio, frente a Portugal, só haviam perdido uma vez.

O primeiro golo veio quase do nada. Minuto 20, João Moutinho marca o canto, a bola é desviada por um defesa irlandês e Bruno Alves, num remate mais próprio de futevólei do que de futebol, bate o veterano guardião Roy Carroll. Portugal entrava bem, sem fazer muito por isso, mas não estabilizou o jogo e deixou que a Irlanda se aproximasse. Foi o que aconteceu ainda na primeira parte, também num canto, aos 36’. Ferguson bate e McAuley, de cabeça, fez o empate.

Foi o suficiente para acentuar a intranquilidade portuguesa, que culminou na expulsão de Hélder Postiga, aos 43’. O avançado do Valência encostou a cabeça em McAuley, o árbitro Danny Makkelie entendeu que era uma cabeçada e mostrou o cartão vermelho ao português. Makkelie (e um dos seus auxiliares) voltou a ser protagonista aos 52’ quando considerou válido um remate de Ward após um desvio de Evans, na sequência de um canto. Ward estava bem adiantado em relação ao último jogador português, mas teve autorização do árbitro para festejar o 2-1.

Até Portugal assumir o controlo do jogo, ainda foi preciso que ficassem a jogar dez contra dez. Makkelie puniu uma entrada de Brunt sobre João Pereira com segundo amarelo e só depois é que o marcador começou a mudar. Aos 68’ e aos 77’, dois golos quase iguais, ambos com a cabeça de Ronaldo, o primeiro de um canto de Moutinho, o segundo de um cruzamento de Coentrão. Reviravolta concretizada num jogo que ainda teve mais dois momentos, a expulsão de
Lafferty aos 80’ e o 2-4 por Cristiano Ronaldo, aos 83’, num livre directo marcado com o pé direito. Depois do apito final, Ronaldo tomou conta da bola e levou-a para casa.

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