Portugal aponta ao pódio no Campeonato da Europa de ténis de mesa

Selecção masculina acredita que vai chegar às meias-finais da prova que começa quarta-feira, em Lisboa. Equipa feminina quer manter-se na I Divisão europeia.

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João Monteiro é um dos elementos que compõem a selecção portuguesa de ténis de mesa nos Mundias por equipas da modalidade Toshifumi KITAMURA/AFP

Portugal acolhe, a partir desta quarta-feira e pela primeira vez, o Campeonato da Europa por equipas de ténis de mesa. No Meo Arena (Parque das Nações), em Lisboa, e até domingo, 42 equipas masculinas e 37 femininas de um total de 43 países vão participar na competição e os atletas nacionais partem com boas expectativas.

A selecção portuguesa masculina irá disputar o Grupo A, o mais forte: Alemanha (campeã europeia desde 2007 e vice-campeão do mundo), Áustria e Hungria. À equipa feminina, o sorteio ditou que integrasse o Grupo B: Roménia (vice-campeã da Europa), Polónia e Espanha.

Os treinadores Pedro Rufino e António Jorge Fernandes acompanham as selecções, compostas por 12 atletas (seis masculinos e seis femininos): João Monteiro (TTSC UMMC, Rússia), Marcos Freitas (Pontoise-Cergy, França), Tiago Apolónia (FC Saarbrucken, Alemanha), André Silva (GD Toledos / Jura Morez TT, França), Diogo Chen (Sporting CP) e João Geraldo (TSV Bad Konigshofen, Alemanha); Ana Cristina Neves (Saint Pierraise, França), Fu Yu (Metz TT, França), Leila Oliveira (CP Madalena), Marta Santos (Ala Nun’Alvares), Patrícia Maciel (GDCS Juncal) e Rita Fins (CTM Mirandela).

“Temos as melhores expectativas. Contamos com uma equipa muito forte, muito sólida, com atletas com resultados consistentes, o que nos faz acreditar que o primeiro grande objectivo, o de passar o grupo e atingir as meias-finais, é muito possível”, diz Pedro Rufino, 41 anos, responsável pela equipa masculina e treinador do Guilhabreu, de Vila do Conde. O primeiro jogo, frente à Hungria, disputa-se logo na quarta-feira, às 16h. A Hungria terminou o último Europeu na 16.ª posição.

“Já jogámos contra a Hungria no último Mundial no Japão”, conta o seleccionador. “Embora Portugal tenha ganho por 3-0, é uma equipa extremamente complicada, que derrotou a Grécia, que no Europeu anterior por equipas tinha eliminado Portugal. Está longe de ser fraca”, conclui e admite que o grupo “é dificílimo, temos a campeoníssima Alemanha”. É n.º 1 do ranking europeu, campeã europeia ininterruptamente desde 2007, vice-campeã do mundo e o único país europeu com atletas no top 10 do ranking mundial: Dimitrij Ovtcharov (n.º 4) e Timo Boll (n.º 10). O jogo acontece na quinta-feira, às 13h.

Sobre a Áustria, diz Pedro Rufino: “Tem jogadores que podem criar enormes dificuldades a Portugal.” A selecção daquele país ficou em 9.º lugar no Europeu de 2013 e tem como melhores jogadores Robert Gardos (n.º 30 ranking mundial), Weixing Chen (n.º 50) e Stefan Fegerl (n.º 52). O desafio está marcado para quinta-feira às 19h.

Embora os três atletas mais conhecidos do grande público – Marcos Freitas (12.º no ranking mundial), Tiago Apolónia (20.º) e João Monteiro (51.º) – “partam em vantagem”, Pedro Rufino explica que “não se sabe quem joga, decide-se lá, em função da escolha da equipa adversária, temos de lidar com as características do adversário para montarmos a nossa equipa”.

Estreia feminina na I Divisão europeia
António Jorge Fernandes realça o facto de ser “a primeira vez que uma equipa portuguesa feminina vai poder jogar na I Divisão europeia”, diz que “as atletas estão muito motivadas e felizes por o campeonato ser em Portugal” e lembra que “Fu Yu ocupa o 18.º lugar no ranking mundial”.

A selecção feminina, que obteve o 16.º lugar no Europeu de Schwechat 2013, defronta a Polónia na quarta-feira, às 13h. A equipa polaca foi 8.ª classificada em 2013 e conta com as atletas Natalia Partyka (n.º 57) Katarzyna Grzybowska (n.º 81) e Kinga Stefanska (n.º 145).

Às 19h, será a vez de jogar contra Espanha, 10.ª no ano passado e tendo como referências as atletas Sara Ramirez (n.º 96), Galia Dvorak (n.º 101) e Maria Xiao (n.º 164), que já representou Portugal.

No dia seguinte, quinta-feira, às 16h, será o jogo contra a Roménia, a mais forte das equipas: vice-campeã da Europa e a melhor seleção europeia no Mundial de Tóquio 2014, com o 5.º lugar. As atletas que se destacam são Elizabeta Samara (22.º), Daniela Dodean Monteiro (43.º) e Bernadette Szocs (55.º). Daniela Dodean Monteiro é casada com o atleta português João Monteiro.

O seleccionador, 33 anos, treinador no Clube Desportivo São Roque, na Madeira, diz que “o facto de o jogo ser em Portugal também pode ser inibidor, com as atletas a sentirem-se mais pressionadas para obter bons resultados”. Mas está com ânimo: “Vamos preparar bem as atletas, explorar os seus pontos fortes e explorar também os defeitos das outras.” Mas reforça:  “São elas que jogam, o maior mérito é sempre delas.”

António Jorge Fernandes lamenta que “o ténis de mesa tenha poucas mulheres”, embora saiba que é “um problema transversal a outras práticas desportivas, sempre com pouca expressão feminina”. Por isso, bem-humorado, quer dizer às jovens: “Venham jogar, é divertido, cria-se um forte companheirismo na luta por um objectivo, é saudável e viaja-se.” Apela ainda aos portugueses que vão ao Meo Arena apoiar os atletas, certo de que “vão assistir a bons jogos e a bons resultados”.

Divulgar a modalidade
Também para o presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, Pedro Miguel Moura, “as expectativas são as melhores possíveis”, tanto a nível desportivo, como de divulgação da modalidade. “O campeonato vai ser um marco na história do ténis de mesa em Portugal”, diz com convicção.

O ex-jogador conta que foi no Campeonato Europeu do ano passado (Áustria) que se começou a desenhar a possibilidade de Portugal ser o organizador do encontro deste ano. “Depois, no Congresso da ETTU [European Table Tennis Union], em conjunto com Sérgio Castanheira, director da competição,  demonstrámos a vontade firme de organizar o campeonato”.

Pedro Miguel Moura sabe que a “aceitação da Comissão Europeia e o okay do Estado decorreram do facto de termos uma das equipas melhores do mundo”. Os custos, explica o presidente da federação, “são repartidos entre o Estado (os 10% habituais nestes acontecimentos desportivos), a União Europeia, que participa em 80% do caderno de encargos das comitivas, e os patrocinadores, sem os quais não seria possível realizar a prova”.

Os patrocínios vão desde marcas de material desportivo (que inclui bolas, equipamentos, raquetes, pavimento) a empresas de eventos e turismo, de tecnologia, um banco, uma marca de automóveis, etc. “São estes patrocínios, mais a ajuda de muitos atletas e simpatizantes que se voluntariaram que permitem viabilizar toda a logística necessária para recebermos cerca de 800 pessoas, entre jogadores, treinadores, árbitros. Estamos com o nervosismo próprio da organização destes encontros, mas está tudo muito bem encaminhado”, disse ao PÚBLICO poucos dias antes da data do início campeonato.

Pedro Miguel Moura destacou ainda a importante presença de escolas durante os dias do encontro, “com actividades paralelas para os alunos, à volta do Meo Arena”. Haverá mesas ao ar livre para as crianças e jovens experimentarem jogar ténis de mesa, a que é “proibido” chamar “pingue-pongue”.

1.ª Divisão Masculina – Grupo A

24 de Setembro

16h: Portugal–Hungria

25 de Setembro

13h Portugal–Alemanha

19h Portugal–Áustria

1.ª Divisão Feminina – Grupo B

24 de Setembro

13h, Portugal–Polónia

19h, Portugal–Espanha

25 de Setembro

16h Portugal–Roménia

Endereços úteis

http://www.2014eurotabletennis.com/

http://www.fptm.pt/

http://www.ettu.org/

 

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