Os “cisnes” do Swansea são um conto de fadas no futebol inglês

Gestão sustentável, futebol atraente e sucesso desportivo. Há um clube galês que está a conseguir tudo isto.

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Os adeptos do Swansea festejam com a equipa a conquista da Taça da Liga nas ruas da cidade galesa Rebecca Naden/Reuters

Pode um clube, em apenas dez anos, passar da quarta divisão para a primeira, escapar da falência, passar a jogar num novo estádio e no final de tudo isto conquistar o primeiro grande título de uma vida de 101 anos? Pode. Esta estória de encantar aconteceu em Inglaterra, faz neste domingo uma semana, e tem “cisnes” como protagonistas.

A conquista da Taça da Liga inglesa pelo Swansea, no último domingo frente ao Bradford, foi o final feliz de um conto de fadas que tantas vezes a realidade impede que se concretize. Só que, desta vez, tudo acabou em bem.

Mas nem sempre foi assim. Há uma década, os galeses do Swansea estavam à beira da bancarrota e competiam, amargurados, no quarto escalão britânico, vivendo das memórias dos tempos em que John Toshack os conduziu ao sexto posto da primeira divisão em 1982 (a melhor posição de sempre na prova), numa das suas quatro raras presenças.

As coisas começaram a mudar quando, em Janeiro de 2002, um grupo de empresários locais comprou o emblema por 1 libra ao australiano que estava sentado no cadeirão da administração, Tony Petty. Um ano depois, em Maio de 2003, tudo esteve perto de ruir e os “cisnes”, como são apelidados os jogadores e adeptos do Swansea, estiveram a apenas 90 minutos de baixar para as divisões regionais. Salvou-os um triunfo por 4-2 sobre o Hull City na derradeira jornada.

Esses dias difíceis serviram de lição e continuam a influenciar a gestão actual do clube, já que a prudência financeira é uma constante.

Desde essa altura, as dívidas foram saldadas e um novo estádio para 20 mil espectadores foi construído (o Liberty Stadium). Uma iniciativa do município que os novos donos do Swansea aceitaram, apesar de terem de dividir a casa com a equipa de râguebi do Ospreys. De acordo com as contas do ano passado, o Swansea obteve um lucro de 16,8 milhões de euros na sua primeira época na Premier League (criada em 1992), contrariando um cenário negro de clubes endividados. E o conto de fadas prossegue, já que os sócios continuam a ter 20% das acções do clube, são o terceiro accionista mais importante e contam com um elemento no conselho de administração.

Ao longo da última década, foram gastos cerca de 40 milhões de euros em transferências e quase metade deste valor já foi compensado com a venda do médio Joe Allen, formado no clube, para o Liverpool.

Mas as diferenças do Swansea para o resto da concorrência fazem-se não apenas no domínio da gestão. Também o seu estilo de futebol é muito próprio. Sem dinheiro para contratar grandes estrelas, os proprietários do clube chegaram à conclusão de que só fazendo diferente de todos os outros teriam hipóteses de sucesso. Em 2007, o espanhol Roberto Martinez deixou a função de médio e passou a treinar a equipa, lançando as bases de um estilo muito próprio, assente na posse de bola e no passe curto, que levou a que ganhassem a alcunha de “swanselona”.

Seguiram-se o português Paulo Sousa (2009-10), Brendan Rodgers (2010-12) e Michael Laudrup (2012-13). E foi com o dinamarquês que o Swansea atingiu a glória suprema, em Wembley, ao conquistar a Taça da Liga depois de ter afastado clubes como o Liverpool ou o Chelsea.

Para já, no campeonato, o único clube galês a ter competido na Premier League segue na nona posição e já tem assegurada a presença na Liga Europa da próxima época. Dúvidas só em relação à continuidade de Laudrup e à conclusão de dois complexos de treino actualmente em construção. Caso não fiquem prontos, os jogadores terão de continuar a partilhar os chuveiros com os membros do ginásio privado do clube após os treinos.

Notícia corrigida às 16h56, clarificando a decisão relativa à construção do novo estádio do Swansea.
 

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