Fazer um Mundial de sonho e continuar com uma carreira de pesadelo

Guillermo Ochoa, guarda-redes do México, chegou a pensar que faria o contrato da sua vida e no entanto... é suplente do Málaga.

Foto
Ochoa brilhou durante o Mundial 2014 Mike Blake/Reuters

São vários os casos de jogadores para quem um bom Campeonato do Mundo de futebol foi sinónimo de um novo fôlego na carreira ou da assinatura de um contrato milionário, que lhes abriu as portas do estrelato. Mas também há situações inversas. Quer um exemplo? Guillermo Ochoa.

“Memo”, como é chamado pelos colegas, deixou o Mundial do Brasil com 29 anos, aura de herói e o seu passe na mão, uma vez que terminava contrato com os franceses do Ajaccio e ficava um jogador livre. As exibições na baliza mexicana – ficou na retina o jogo contra a selecção brasileira – e a pechincha que a sua contratação representava elevaram a sua cotação no mercado internacional e o seu nome começou a ser associado a alguns dos principais clubes europeus – Liverpool, AC Milan, Barcelona...

Só que o tempo passou e à caixa de correio de Ochoa o melhor que chegou foi uma proposta do Málaga, um emblema que tinha como aspiração lutar pela permanência na I Liga espanhola.

Melhor do que nada, terá pensado “Memo” que, pelo menos, jogaria numa das principais ligas europeias e teria oportunidade para demonstrar as suas qualidades. Só que, desde Julho que não se ouve falar de Ochoa. É que, ao contrário do que o guarda-redes esperaria depois das suas exibições no Brasil, a condição de titular indiscutível na baliza do Málaga não lhe foi entregue mas sim a Carlos Kameni, jogador do clube andaluz há quatro épocas. Relegado para o banco de suplentes do actual sexto classificado da Liga espanhola, Ochoa corre o risco de passar o resto da temporada longe dos holofotes.

A carreira de “Memo” tem sido um pouco isto. Quase sempre na iminência de algo muito bom que acaba por lhe escapar. Tudo começou em Fevereiro de 2004, com apenas 19 anos, quando defende pela primeira vez as redes de um dos mais importantes clubes mexicanos: o América. As boas exibições garantem-lhe um lugar nos escolhidos para o Mundial 2006 e, aos poucos, torna-se umas das figuras mais mediáticas do México (também por culpa de alguns relacionamentos amorosos com figuras populares).

Chamado por Javier Aguirre para o Mundial 2010 depois de ter sido o titular da selecção mexicana durante o apuramento, Ochoa foi traído pelo destino e viu o veterano Oscar Pérez roubar-lhe o posto. Uma situação que o afectou bastante, levando a que optasse por transferir-se para a Europa, onde prosseguiu a carreira (foi o primeiro guardião mexicano a arriscar algo parecido). Em 2011, o Paris Saint-Germain esteve quase a contratá-lo mas um controlo antidoping positivo retirou-lhe o tapete. Acabou “esquecido” no Ajaccio.

Apesar das suas qualidades entre os postes, muitos apontam-lhe fragilidades, especialmente nas saídas aos cruzamentos. Mas se os quatro jogos que disputou no Mundial 2014 fizeram com que os críticos perdessem terreno, eles não foram suficientes para lhe oferecerem a titularidade no modesto Málaga. Mais uma vez, tão perto das nuvens e no entanto...

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

Sugerir correcção
Ler 3 comentários