O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, acusou esta sexta-feira o comité organizador dos Jogos Olímpicos de ter "um problema gravíssimo de gestão" da Aldeia Olímpica, devido aos roubos que se têm sucedido.

"A Aldeia Olímpica ficou pronta e, durante os três meses que esteve sob o comando do comité organizador, teve um problema gravíssimo de gestão. Durante três meses os apartamentos foram invadidos, e muitas coisas foram roubadas", alertou o prefeito carioca ao jornal Estadão.

"As portas ficaram meio abertas, foi uma falta de atenção do comité organizador", prosseguiu, antes de elencar os objectos roubados que estavam presentes na Aldeia Olímpica.

Eduardo Paes lamentou ainda que o alerta só se tenha dado na passada quinta-feira, e que o problema nunca tenha sido evocado nas reuniões trissemanais com o Comité Olímpico Internacional (COI).

"Foi problema de gestão. Não tem nada a ficar pronto em cima de hora. Foi uma falha inaceitável, uma pena, porque é na véspera das Olimpíadas", acrescentou.

"Não tinha um brasileiro a chefiar a aldeia dos atletas, só estrangeiros. Pelo menos não fica a ideia de que os brasileiros são desorganizados. O chefe é o [argentino] Mario Cilenti".

A imprensa brasileira pediu o afastamento do director executivo da aldeia, sem confirmação do comité responsável pelo Rio 2016.

Solicitado pela AFP para uma entrevista, o comité organizador presidido por Carlos Nuzman não respondeu até ao final da manhã desta sexta-feira.

Vários meios de comunicação social brasileiros avançaram que os roubos na Aldeia Olímpica foram permitidos, pois os trabalhadores estariam descontentes com pagamentos em atraso.

Quinze das 31 propriedades nas quais os atletas estarão instalados demonstraram problemas de canalização, fugas de água, entre outros, que fizeram com que a delegação australiana boicotasse a Aldeia aquando da sua chegada, decisão que perdurou até esta semana.

Foram contratados cerca de 630 canalizadores com urgência para resolverem os problemas, a tempo do começo dos Jogos Olímpicos, cuja cerimónia de inauguração decorre a 5 de Agosto.

As irregularidades demonstradas pelos trabalhadores foram igualmente questionadas pelo Ministério do Trabalho brasileiro.