Comité Olímpico Internacional aperta com organização de Jogos do Rio

Atrasos na construção de infra-estruturas vitais aos Jogos motivam críticas e preocupação de vários organismos internacionais olímpicos.

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Estádio Olímpico é uma das preocupações Ricardo Moraes/Reuters

Obras em atraso, greves de trabalhadores e incumprimento de prazos levaram o Comité Olímpico Internacional (COI) a anunciar que pretende intervir mais de perto na preparação dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Foi o próprio presidente do COI, Thomas Bach, que revelou terem sido “tomadas algumas decisões” com o objectivo de “acelerar de uma forma ou de outra os trabalhos no Rio”, durante uma conferência de imprensa na Turquia, onde várias federações internacionais estiveram reunidas esta semana.

O anúncio chegou depois da preocupação acerca da realização dos Jogos no Rio de Janeiro expressa pelas federações desportivas internacionais, que chegaram mesmo a pedir um plano de contingência.

“Sentimos que estamos perante a situação mais crítica na preparação dos Jogos nos últimos vinte anos, pelo menos”, afirmou o presidente da Associação de Federações Internacionais das Olimpíadas de Verão, Francesco Ricci Bitti, citado pela CBS.

Uma das soluções sugeridas passaria não pela retirada do evento do Rio, mas sim pela realização de algumas provas fora da cidade. Bitti deu o exemplo da competição de basquetebol, que poderia ser disputada em São Paulo.

A situação no terreno levanta mais preocupações do que durante a preparação dos jogos de Atenas em 2004, que também foram bastante criticados. “Havia pressão sobre Atenas para concluir a construção e receber [o evento], mas eles conseguiram e havia uma sensação de que, apesar de ter sido apertado, seria sempre feito”, observou o vice-presidente do COI, Craig Reedie. “Algumas das federações dizem agora ‘Eles [o Rio] ainda nem começaram as construções, será que vão conseguir terminá-las a tempo?’”, acrescentou.

A cerca de dois anos do início dos Jogos Olímpicos, o foco de maiores preocupações é o complexo de Deodoro, na zona Norte do Rio, que vai receber oito modalidades e cuja construção ainda não começou. O Estádio Olímpico João Havelange, conhecido como Engenhão, tem ampliação prevista, mas as obras na cobertura estão com um atraso de cinco meses, de acordo com o jornal Estadão.

Já o Parque Olímpico da Barra tem sofrido com as greves dos trabalhadores, onde ainda esta semana foram disparados tiros de aviso depois de os operários terem bloqueado as estradas de acesso.

A construção do campo de golfe de Marapendi foi contestada pelo impacto ambiental da obra, que ocupa parte de uma reserva natural, mas será concluída a tempo, asseguram os organizadores.

Os receios e as críticas apontadas à organização do Rio-2016 levaram o COI a seguir mais de perto a preparação do evento. Vai ser designado um grupo de trabalho com elementos do Governo brasileiro, do COI e da comissão organizadora para que as decisões sejam tomadas com maior rapidez. O director executivo do COI, Gilbert Felli, será enviado para o Rio mais cedo do que o previsto, anunciou Bach.

Para além disso, a frequência das visitas de supervisão vai ser aumentada e o COI pretende também enviar equipas especializadas para se concentrarem em questões específicas.

“Não se trata de dar cartões [amarelos]”, sublinhou Thomas Bach. “Trata-se de assegurar o sucesso dos jogos. Ainda acreditamos que estes jogos podem ter bastante sucesso e estamos a tomar todas as medidas” para isso, acrescentou o presidente do COI.

À semelhança do que tem acontecido em relação ao Campeonato do Mundo, o comité olímpico também está preocupado que a falta de apoio popular se alastre aos Jogos Olímpicos. Para reverter essa possibilidade será criado um grupo de trabalho com o objectivo de “envolver a população” no evento.

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