Dilma admite que Brasil foi “obrigado” a usar dinheiro público no Mundial

Plano inicial era de recorrer a financiamento privado, mas Presidente brasileira afirma que “nem meio estádio” seria construído se assim fosse.

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A maioria dos brasileiros esperava mais de Dilma Ueslei Marcelino/Reuters

A Presidente brasileira, Dilma Rousseff, defendeu na terça-feira à noite o legado que o Campeonato do Mundo vai deixar no país e justificou a utilização de dinheiros públicos na construção dos estádios.

Segundo a governante, quando o Brasil foi escolhido para organizar o Mundial, em 2007, a FIFA tinha garantido que os estádios seriam financiados por privados. No entanto, quando o governo notou que “nem meio estádio” sairia do papel, viu-se obrigado a canalizar fundos públicos para a construção das infra-estruturas, explicou Dilma Rousseff, durante um jantar com correspondentes estrangeiros – que não foram autorizados a citar directamente a Presidente – no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidente, em Brasília.

Os investimentos públicos feitos para o Mundial são dedicados ao Brasil e não à competição, garantiu Rousseff. A modernização dos aeroportos e a melhoria da mobilidade urbana em algumas das 12 cidades que vão receber jogos foram os exemplos dados pela Presidente de obras que não avançariam “antes de vários anos”, caso não houvesse a perspectiva do Campeonato do Mundo.

Ainda assim, quando faltam oito dias para o início do torneio, Dilma Rousseff reconheceu que várias infra-estruturas não vão estar prontas a tempo.

A FIFA não tem poupado o Brasil pelos atrasos na construção dos estádios e das estruturas de apoio nas cidades sede. Ainda no mês passado, o secretário-geral da FIFA, Jerôme Valcke, um dos dirigentes que mais se dedicou ao torneio, admitiu que a experiência no Brasil foi “um inferno”. Ao que tudo indica, 4 dos 12 estádios, incluindo o Itaquerão que vai receber o jogo inaugural, não vão estar totalmente prontos a tempo do torneio.

Numa entrevista no início da semana, Dilma Rousseff criticava a postura da FIFA em relação ao Brasil. “É incorrecta a forma pela qual um país que recebe a Copa é obrigado a escutar certas considerações indevidas a respeito de si mesmo e da sua soberania”, disse a Presidente à TV Bandeirantes.

Outra das dores de cabeça para Rousseff tem sido a oposição de várias camadas da população à organização do Mundial, que consideram um gasto excessivo num país com muitas falhas nos serviços públicos. As manifestações começaram há cerca de um ano, durante a Taça das Confederações, e há a forte possibilidade de que se agudizem assim que o Mundial começar.

Aos jornalistas estrangeiros, Rousseff garantiu que as manifestações vão ser toleradas, “desde que se mantenham pacíficas” e que “não impeçam a livre circulação necessária ao Mundial”.

A FIFA decidiu que não vai haver discurso inaugural por parte de Dilma Rousseff, mas a Presidente vai estar presente no jogo que marca o início do Mundial, entre o Brasil e a Croácia, em São Paulo. O outro jogo que vai contar com a presença da governante será o da final, a 13 de Julho, no Rio de Janeiro.

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