Cabras vão ajudar a prevenir incêndios florestais em Vila Pouca de Aguiar

Foto
Os incêndios florestais todos os anos criam problemas à pastorícia. António Carrapato

Um rebanho de cabras vai ser utilizado para reduzir os riscos de incêndios florestais no planalto de Jales, em Vila Pouca de Aguiar, no âmbito de um projecto da associação Aguiarfloresta.

Já não é uma ideia nova em Portugal, mas este é o primeiro caso em que a ideia avança para a implementação. O uso de cabras, trata-se de mais uma ferramenta complementar na redução de riscos de incendios florestais, não dispensando outras intervenções.

“A técnica é mais eficaz como manutenção em áreas que foram tratadas com outras técnicas, como a limpeza de matos através das equipas de sapadores florestais ou o uso do fogo controlado”, disse Paulo Fernandes, investigador e elemento do Grupo de Fogos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em declarações à Lusa.

Um primeiro rebanho de 50 cabras vai pastorear uma área de 90 hectares, no planalto de Jales. Os animais, através da ingestão da biomassa, reduzem o combustível para um incêndio.

“Vamos fazer um tipo de pastoreio mais dirigido, em que vamos usar os animais em locais estrategicamente identificados como sendo favoráveis à redução do número de ocorrências e também à limitação da expressão do fogo”, frisou Duarte Marques, da Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca de Aguiar, em declarações à Lusa.

A opção pelo gado caprino deve-se ao facto de se tratar de animais mais robustos, que se adaptam a ambientes mais agrestes, ajustados a territórios de montanha e que consomem tipos de vegetação que a maioria dos outros animais não consome.

A Aguiarfloresta está ainda a trabalhar com os pastores daquela região, de forma a integrá-los também na gestão do território e defesa da floresta e, ao mesmo tempo, valorizar a pastorícia.

Um projeto ibérico intitulado Self-Prevention,com o mesmo objectivo, foi criado em 2010, para implementação nas zonas raianas dos distritos da Guarda, Bragança, Zamora e Salamanca. No entanto, as entidades responsáveis pelo projeto em Portugal confessaram em declarações ao Público, que "ainda se encontram à espera de fundos".

Sugerir correcção
Comentar