Jardim Botânico de Coimbra adopta sistema de rega inteligente para poupar água

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Um quarto do orçamento do Jardim Botânico era gasto com água PÚBLICO

O Jardim Botânico de Coimbra tornou-se autónomo em água, ao introduzir um sistema de rega inteligente, que permitirá uma poupança de 30 por cento nos custos de manutenção, foi hoje anunciado.

Em funcionamento desde o final do mês de Setembro, o sistema de automatização de rega utiliza a água da mina do jardim e recorre a sensores para uma boa gestão e distribuição da água. Até então, toda a parte pública do jardim era alimentada com água da rede pública.

“Gastávamos com água 30 mil euros por ano, ou seja, um quarto do orçamento. Com esta solução deixamos de ter gastos com água”, disse a directora do Jardim, Helena Freitas.

“Fizemos um furo junto à mina, ao qual podemos recorrer em alturas de maior necessidade”, disse a responsável, referindo que a bombagem da água é feita directamente da mina para o jardim.

Sendo a água um elemento estruturante dos jardins, apostar em soluções tecnológicas sustentáveis “é absolutamente estratégico, particularmente nos jardins públicos, porque têm uma responsabilidade acrescida em matéria de sustentabilidade, devendo ser exemplares nas boas práticas”, considera Helena Freitas.

O novo sistema de rega resulta de um projecto desenvolvido no último ano por uma equipa multidisciplinar, no âmbito de um mecanismo financeiro da União Europeia - EAA GRANT, refere uma nota divulgada pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Integra-se num projecto mais vasto, submetido ao programa Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), para a sustentabilidade energética do espaço, com recurso à biomassa que será produzida na mata do jardim.

“Os gastos com a água e a energia representavam metade do orçamento do Jardim e o objectivo é aproveitarmos a biomassa para produzirmos energia para o aquecimento das estufas, numa lógica de optimizar recursos e maximizar a eficiência energética”, disse a directora.

O projecto irá implicar “uma transformação profunda no conjunto de estufas e o reforço e modernização das infra-estruturas hidráulicas”.

A antiga provedora do Ambiente de Coimbra espera que a solução encontrada para o Jardim Botânico “seja exemplo de boas práticas” para outros espaços públicos. “Portugal é dos países da Europa que mais desperdiça água na rega - mais de 60 por cento - quer para práticas agrícolas quer no meio urbano”, alertou a bióloga. Helena Freitas lamentou que os portugueses “estejam habituados a ter água sempre disponível e como um recurso abundante, negligenciando a sua gestão”.

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