Especialistas de ética defendem que os britânicos devem poder escolher o sexo dos seus filhos

Não existem argumentos éticos, concluem, que justifiquem ilegalizar, naquele país, a escolha pré-gravidez do sexo dos bebés por razões não médicas.

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Escolher ou não escolher o sexo do seu bebé? AFP P/ WALTRAUD GRUBITZSC

Um relatório agora publicado por um grupo de peritos britânicos conclui que seria ético disponibilizar, pelo menos no Reino Unido, as técnicas de diagnóstico pré-implantação aos casais que preferem ter um bebé de um dado sexo.

O relatório, intitulado Eugénica e ética da reprodução selectiva, encontra-se disponível no site da Universidade de Keele.

Actualmente, as técnicas de diagnóstico pré-implantação são legais apenas para impedir o nascimento de crianças susceptíveis de sofrerem de doenças hereditárias ligadas ao sexo.

“Analisámos a ética das preferências de género e das técnicas de escolha do sexo no contexto britânico e não encontrámos razões para prever consequências danosas nem para as futuras crianças, nem para a sociedade em geral, se estas técnicas forem disponibilizadas por razões ‘sociais’ no quadro regulamentado do nosso sector do tratamento da infertilidade”, disse Stephen Wilkinson, professor de Bioética da Universidade de Lancaster e autor principal do relatório, citado em comunicado da Universidade de Keele.

Em particular, os autores concluem que o facto de permitir a selecção do sexo dos filhos não conduziria, naquele país, a um desequilíbrio entre os sexos na população. Por outro lado, constatam que o sexismo não é inerente à escolha do sexo dos filhos – e que, mesmo isso se verifique em certos casos, não representa riscos suficientes para as futuras crianças que justifiquem a proibição da prática. E, muitas vezes, o que os pais desejam é ter filhos dos dois sexos.

Contudo, os peritos não acham que o recurso a estas técnicas disponíveis por razões não médicas deva ser paga pelos contribuintes. Mas fazem notar que muitos britânicos com meios financeiros suficientes já estão a recorrer a elas além-fronteiras – e que os eventuais riscos para a saúde futura das crianças assim geradas poderiam ser minimizados, se esses casais pudessem usufruir dos mesmos tratamentos e do devido acompanhamento médico “em casa”.

“Dado que as técnicas de procriação medicamente assistidas e outras permitem hoje concretizar estas preferências, muitas vezes imperiosas, é importante perguntarmo-nos por que é que o facto de desejar um rapaz ou uma rapariga seria tão errado que justificaria vedar aos pais a possibilidade de o fazerem cá”, salienta Wilkinson. 
 
 

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