Rede de 26 laboratórios pede uma inversão das políticas de ciência

Conselho dos 26 laboratórios diz que há grupos científicos “decapitados” pela actual política científica, que está a enviar cientistas para o estrangeiro. E acusa o Governo de usar o argumento "didatorial" e "sem vergonha" de que o sistema científico precisa de ser podado.

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A carta refere que a política para a ciência está a enviar os investigadores para fora do país Daniel Rocha

Uma carta aberta do Conselho dos Laboratórios Associados (CLA) vem apelar ao Governo para inverter as políticas de ciência que estão a “reduzir a comunidade científica portuguesa”. A carta foi divulgada esta terça-feira à noite.

As declarações aparecem depois do corte brutal nas bolsas de doutoramento e pós-doutoramento no concurso de 2013 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). “Tais medidas não resultam de cortes no orçamento da FCT”, lê-se na carta do CLA, um conselho que representa os 26 laboratórios associados do país, cujo secretário é o professor e investigador Alexandre Quintanilha, antigo director do Instituto de Biologia Molecular e Celular, um destes laboratórios, no Porto. “A questão não está pois na falta de recursos financeiros, mas sim numa absoluta falta de conhecimento das regras elementares do desenvolvimento científico.”

Segundo o CLA, existem dois argumentos centrais na política do Governo, o primeiro, que é "ditadorial" e “sem vergonha”, diz que o sistema científico necessita de ser podado. O segundo refere que nada mudou. “O desemprego e a emigração forçada de cientistas agora impostos pela FCT seria apenas, como ouvimos estupefactos, ‘uma mudança de paradigma’”, lê-se na carta, onde se refere que há “grupos científicos decapitados” pelas novas políticas.

“O CLA não quer acreditar que estas medidas tenham sido aprovadas pelo primeiro-ministro, ou pelo Governo no seu conjunto, nem que tenham a concordância do Parlamento ou o apoio do Presidente da República”, lê-se ainda na carta. “Por isso apelamos hoje de forma veemente a todos os responsáveis para a urgentíssima e indispensável inversão das medidas tomadas.”

A divulgação da carta aberta acontece no mesmo dia em que houve uma manifestação em Lisboa, com várias centenas de pessoas, onde foi contestada a política científica do Governo.
 

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