Comer sardinhas em vez de bacalhau pode minimizar desgaste nos oceanos

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Mesmo o aumento das populações de peixe mais pequeno, não é suficiente para o consumo mundial Adriano Miranda (arquivo)

A ideia não é uma solução mas pode ajudar, escolher sardinhas e outros peixes pequenos para a refeição, em vez do atum ou do bacalhau, é uma forma de evitar o desgaste total dos ecossistemas dos oceanos.

Nos últimos cem anos a pesca diminuiu em dois terços a quantidades de peixes grandes como a garupa, que estão normalmente nos topos das cadeias e alimentam-se dos mais pequenos. Por isso, peixes como a sardinha, o badejo ou as anchovetas, ao ficarem sem predadores, têm vindo a aumentar de número.

“Ao retirarmos espécies grandes e predadoras dos oceanos, deixamos os pequenos peixes prosperarem”, explicou Villy Christensen, professor do Centro de Pescas da British Colombia University, durante a conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, que decorre em Washington, nos Estados Unidos. O investigador apresentou os resultados dos seus estudos.

Christensen e a sua equipa examinaram mais do que 200 modelos de ecossistemas marinhos e extraíram mais de 68 mil estimativas da biomassa entre 1880 e 2007. Segundo os resultados, 54 por cento do declínio dos peixes predadores aconteceu nos últimos 40 anos.

“Estamos a dirigir-nos de um oceano selvagem para um sistema que é muito mais parecido com um sistema de aquacultura”, explicou o cientista. O cientista alerta que os peixes mais pequenos também estão a ser cada vez mais utilizados para alimentar os peixes da aquacultura.

Apesar do aumento de espécies como a sardinha, a quantidade total de peixes não é suficiente para o consumo humano. Em 2006, foram retirados dos oceanos 76 milhões de toneladas de peixe em todo o mundo.

Jacqueline Alder, que pertence ao programa das Nações Unidas para o Ambiente, alerta que os países necessitam de cortar rapidamente o número de barcos pesqueiros e de dias de pesca para permitir que os stocks de peixe recuperem os números.

“Se conseguirmos fazer isto imediatamente vamos ver um declínio na captura de peixes. No entanto, isso vai dar oportunidade para a recuperação dos stocks e para a expansão das populações”, disse.

Há outro perigo à espreita para as espécies de peixes: as alterações climáticas. “Águas com temperaturas mais altas significam que vai existir menos peixes nos oceanos”, alertou Villy Christensen.

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