Chamas queimaram 500 hectares do Parque Natural do Vale do Guadiana

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As chamas destruíram galerias de vegetação ribeirinha Dulce Fernandes/PÚBLICO (arquivo)

Cerca de 500 hectares do Parque Natural do Vale do Guadiana arderam com o incêndio que lavrou desde ontem no concelho alentejano de Mértola, destruindo zonas de azinheiras, pinheiros bravos e vegetação ribeirinha.

Toda a área ardida durante o incêndio, que deflagrou às 16h26 de ontem e foi extinto ao início da manhã de hoje, está incluída no parque e abrange áreas do Perímetro Florestal e de duas reservas de caça de Mértola, uma municipal e outra associativa.

Pedro Rocha, do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, adiantou hoje que as chamas destruíram "essencialmente zonas dispersas de azinheiras e mato, destruindo vários habitats incluídos na Rede Natura 2000".

Entre os habitats estão locais que servem de refúgio privilegiado de espécies como o gato-bravo e o toirão, um pequeno carnívoro aparentado com o furão que se encontra em vias de extinção.

As chamas, que se estenderam ao longo de quase quatro quilómetros da margem esquerda do rio Guadiana, acrescentou Pedro Rocha, destruíram também "galerias de vegetação ribeirinha", compostas por espécies de flora protegidas como os arbustos loendro e tamargueira.

Uma "vasta área de pinheiros bravos", incluída no Perímetro Florestal de Mértola, foi também destruída pelas chamas. Segundo Pedro Rocha, o incêndio provocou efeitos "desastrosos" na actividade cinegética da região, uma das mais importantes para a economia do concelho.

Ao queimar uma "importante área cinegética", o incêndio"destruiu as novas criações [recém-nascidos] de espécies como a perdiz, a lebre e o coelho".

"Trata-se de mais uma machadada no ecossistema do parque", lamentou Pedro Rocha, lembrando que, no Verão passado, um outro incêndio destruiu cerca de 400 hectares de habitats considerados prioritários na zona de protecção máxima e uma das quatro mais importantes do parque.

O combate ao incêndio envolveu 137 bombeiros apoiados por 44 veículos e cinco máquinas de rasto, de acordo com dados do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.

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