Montenegro acusa anterior Governo de aprovar resoluções sem cabimentação orçamental

Primeiro-ministro insiste que “a situação financeira de Portugal não é exactamente aquela que se andou para aí a espalhar nos últimos meses”.

Foto
Luís Montenegro, primeiro-ministro Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
01:14

O primeiro-ministro acusou no sábado à noite o anterior Governo de ter aprovado resoluções "sem cabimentação orçamental" e assegurou que, apesar do défice do primeiro trimestre, "o Governo vai gerir a situação".

"É verdade, a situação financeira de Portugal não é exactamente aquela que se andou para aí a espalhar nos últimos meses. É verdade que, no fim do 1.º trimestre deste ano, temos um défice das contas públicas, mas garanto-vos que não vamos ter no final do ano", afirmou Luís Montenegro, durante o 175.º aniversário da Associação Empresarial de Portugal (AEP), em Matosinhos.

Relativamente às contas públicas, o primeiro-ministro acusou o anterior Governo socialista de ter tomado decisões "de forma muito apressada". "É verdade que o Governo que antecedeu este tomou várias decisões, entre as quais 116 resoluções do Conselho de Ministros, 43 das quais sem terem cabimentação orçamental, num volume de cerca de 1200 milhões de euros. Isso é tudo verdade, mas também não vou dramatizar a situação. Não vou escondê-la, porque é minha intenção não esconder nada, mas não vou dizer que estou assustado", referiu.

Aos empresários reunidos no Terminal de Leixões, Luís Montenegro assegurou que o Governo "vai gerir a situação", apesar das imprevisibilidades da Assembleia da República. "É verdade que temos um partido à nossa direita no Parlamento que tem uma representação significativa e que fez uma campanha eleitoral a prometer combater o socialismo e agora aprova coisas no Parlamento promovidas pelo Partido Socialista", descreveu, sem nomear o Chega. "E temos um partido à nossa esquerda, que é o Partido Socialista, que fez uma campanha a diabolizar esse partido à direita e agora aceita os votos desse partido no Parlamento. Isso é tudo verdade", referiu.

Apesar de "tudo isso ser verdade", o primeiro-ministro defendeu que isso "não é o mais importante", mas sim que "o Governo está activo". "O Governo está a cumprir o seu programa, vai cumprir o seu programa, tem todas as condições para cumprir o seu programa. E não são estas pequenas coisas que nos vão atrapalhar. Elas existem, não podem ser ignoradas, mas não são o mais importante", afirmou, assegurando que o Governo "tem todas as condições para proceder com a legislatura quatro anos e meio".

Enaltecendo os 175 anos da AEP, Montenegro destacou também a necessidade de se aproveitarem os fundos comunitários, sobretudo o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), defendendo que o país não deve ter "mais uma vez uma oportunidade perdida".

Também presente no jantar comemorativo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou o papel da AEP e entregou as insígnias de membro honorário da Ordem Militar de Cristo, "título histórico" à medida da história da associação.

Sugerir correcção
Ler 23 comentários