Google promete apagar dados de navegação recolhidos no modo incógnito

A Google concordou em apagar milhares de milhões de dados recolhidos no modo incógnito como parte de resolução de processo judicial nos EUA. A medida aplica-se em todo o mundo.

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A Google foi processada devido aos dados recolhidos no modo Incógnito DR
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A Google concordou em apagar quaisquer dados recolhidos quando os utilizadores usam o modo de navegação anónima (incógnito) do navegador Chrome. O compromisso faz parte da resolução de uma acção colectiva iniciada em 2020 contra a tecnológica. Em causa estão os dados recolhidos pela Google quando as pessoas usavam o modo de navegação anónima (incógnito), uma opção que permite aos utilizadores do Chrome “navegar em privado”, sem que os dados dos sites que visitam fiquem guardados no histórico do navegador.

Os termos do acordo, alcançado no final de 2023, foram divulgados esta segunda-feira no tribunal federal de Oakland, na Califórnia, EUA. Apesar de a Google não ser obrigada a pagar uma indemnização, os utilizadores podem processar a empresa individualmente por danos. Os advogados, do escritório Boies Schiller & Flexner, avaliam o acordo em pelo menos cinco mil milhões de dólares (o equivalente a 4,4 mil milhões de euros).

A acção colectiva abrange milhões de utilizadores do Google que usaram o modo de navegação anónima da empresa entre 2016 e 2020. Segundo os utilizadores, os sistemas de cookies e as apps da Google recolhiam informação sobre as sessões no modo incógnito sem que isso fosse claro.

Nos termos do acordo, a Google tem de esclarecer as informações sobre o que é recolhido no modo incógnito, um processo que já iniciou. A empresa também tem de permitir que os utilizadores do modo de navegação anónima bloqueiem cookies de terceiros durante cinco anos. As medidas aplicam-se em todo o mundo, confirmou o PÚBLICO.

Regra geral, os cookies de terceiros (também conhecidos por rastreadores) armazenam informações básicas e hábitos de pesquisa dos utilizadores (localização, interesse, género, língua) que são relevantes às marcas que querem vender produtos online. Há anos que a Google está a desenvolver alternativas que permitam partilhar informação relevante com anunciantes, sem recolher dados em excesso.

Google "satisfeita com resolução"

O porta-voz da Google, Jose Castaneda, disse que a empresa estava satisfeita com a resolução do processo, que sempre considerou sem mérito. "Nunca associamos dados aos utilizadores quando estes utilizam o modo de navegação anónima", afirmou Castaneda. "É com agrado que apagamos dados técnicos e antigos que nunca foram associados a indivíduos e nunca foram usados para qualquer forma de personalização."

David Boies, um dos advogados dos queixosos, descreveu o acordo como "um passo histórico na exigência de honestidade e responsabilidade das empresas de tecnologia dominantes".

"O resultado [do processo judicial] é que a Google recolherá menos dados das sessões de navegação privada dos utilizadores e ganhará menos dinheiro com esses dados", resume a defesa da Google.

Um acordo preliminar foi alcançado em Dezembro, evitando um julgamento agendado para 5 de Fevereiro de 2024.

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