MWC: Xiaomi leva SU7 a Barcelona para mostrar futuro em que o telemóvel controla o carro e a casa
O sedan azul da Xiaomi é o centro das atenções no stand da marca no MWC. O SU7 vai demorar a chegar à UE, mas é mote para falar do “novo” sistema operativo HyperOS nos telemóveis Xiaomi 14 e 14 Ultra.
Azul, eléctrico, cheio de sensores e equipado com o “novo” sistema operativo da Xiaomi, o HyperOS. O primeiro carro desenvolvido pela marca chinesa, o SU7, fez a sua estreia europeia no Mobile World Congress (MWC), a grande feira de dispositivos móveis de Barcelona, que arrancou esta segunda-feira.
Apesar de ser o aparelho mais fotografado e filmado do stand da Xiaomi, por ora, o SU7 é apenas um adereço. O sedan eléctrico, que foi apresentado na China em Dezembro, ainda não chegou ao mercado. Veio até Espanha para ilustrar um futuro em que a marca conecta todos os seus aparelhos, com o telemóvel a controlar o carro e os electrodomésticos (ou o contrário). É algo que a gigante chinesa promete há anos e que começa a cumprir com o Xiaomi HyperOS, uma versão adaptada do sistema operativo Android, da Google, que vem instalado nos novos telemóveis da marca, o Xiaomi 14 e Xiaomi 14 Ultra.
Para o director da Xiaomi em Portugal, Tiago Flores, é a grande novidade da empresa para o MWC. “O HyperOS tem como missão ligar as pessoas, os carros e os nossos equipamentos de lar e aprender sobre o utilizador, sem precisarmos de usar diferentes apps”, resume ao PÚBLICO. “É ter um ecossistema que permite usar a câmara do tablet através do telemóvel, ou ligar o ar condicionado do carro ou da casa com o tablet.”
Ou seja, deixa de ser necessário instalar diferentes aplicações para controlar diferentes aparelhos da marca, como a Mi Fitness, para pulseiras e relógios desportivos, ou a Mi Home para electrodomésticos. Em vez disso, os diferentes aparelhos surgem, automaticamente num menu flutuante (ao lado da lanterna e do modo de voo) dos telemóveis e tablets. O sistema usa inteligência artificial para aprender sobre as preferências do utilizador (se existir autorização).
O foco do HyperOS é conectar os produtos da Xiaomi, mas Tiago Flores garante que o ecossistema não deve barrar aparelhos de outras marcas. “O HyperOS é compatível com uma grande panóplia de processadores. Um dos grandes pilares deste ecossistema é ser em código aberto, o que permite que terceiros consigam desenvolver e adaptar os seus produtos ao nosso ecossistema”, salienta Flores. “Queremos que este sistema chegue ao máximo de equipamentos.”
Para já, o HyperOS vem pré-instalado nos novos aparelhos da marca que foram apresentados esta semana.
"Criar" a fotografia perfeita
A Xiaomi estreou dois novos smartphones na edição de 2024 MWC: o Xiaomi 14 (a partir de 999 euros) e o Xiaomi 14 Ultra (a partir de 1500 euros) que prometem mais autonomia e melhores fotografias, com mais funcionalidades de inteligência artificial (IA).
"Não estaríamos a lançar produtos em 2024 se não falássemos de funcionalidades chiques de inteligência artificial", brincou o director de comunicação da Xiaomi, Daniel Desjarlais, na apresentação dos telemóveis.
Ambos os telemóveis incorporam modelos de inteligência artificial capazes de transcrever e traduzir videochamadas em tempo real, corrigir fotografias com má luminosidade ou "criar" imagens a partir do zero. Por exemplo, a ferramenta AI Portraits, que utiliza os modelos de geração de imagens da empresa inglesa Stability.AI, permite criar imagens originais a partir de fotografias do utilizador (entre 25 e 35) e pedidos por escrito, como "retrato de fato para utilizar no currículo". No entanto, na primeira utilização da ferramenta, é necessário aguardar entre uma a duas horas para que o modelo aprenda a replicar a imagem de alguém. O sistema barra automaticamente conteúdo ilegal e violento, ignorando estes pedidos (O PÚBLICO testou).
No passado, a utilização de ferramentas de IA para optimizar fotografias tem levantado controvérsias. A Huawei e a Samsung já foram alvo de críticas por usar IA para fabricar imagens a partir de fotografias disponíveis na Internet – é algo que as empresas negam. A Xiaomi tenta proteger-se ao definir claramente as ferramentas que permitem criar fotografias (ou novas partes de fotografias), com IA.
Quem não quer "criar" fotografias melhoradas, pode tirá-las de forma "manual", dispondo de mais opções de captação de imagens. Como habitual, a Xiaomi continua a apostar na fotografia, em particular com o Xiaomi 14 Ultra, que junta quatro câmaras num módulo traseiro circular inspirado nas máquinas série M da Leica, com quem a marca chinesa tem uma parceria desde 2022. À câmara principal, com um sensor de 50 megapíxeis, somam-se duas teleobjectivas e uma lente ultra grande angular. Em vez da abertura fixa que a maioria das câmaras de smartphone oferecem, no 14 Ultra é possível definir a abertura da câmara principal (entre f/1,63 e f/4,0). Isto dá ao utilizador mais controlo sobre as partes da imagem que surgem focadas: uma abertura mais estreita – número f maior – resulta numa maior profundidade de campo (nitidez aumenta em toda a imagem, desde o primeiro plano até ao fundo).
“O Ultra é para utilizadores muito exigentes de fotografia que querem o máximo de opções de fotografia num telemóvel”, define Tiago Flores.
A gama de novos produtos Xiaomi fica completa com o tablet Xiaomi Pad 6S Pro (por ora, sem preço), a pulseira desportiva Smart Band 8 Pro (cerca de 70 euros) que promete aguentar cerca de duas semanas entre carregamentos, e os relógios Xiaomi Watch S3 (cerca de 150 euros) e Xiaomi Watch 2 (cerca de 200 euros).
Ainda não há data ou preço para o SU7 que a Xiaomi vê como um aparelho móvel por definição. A marca espera pôr o sedan azul turquesa a circular nas estradas chinesas no primeiro semestre de 2024.
O PÚBLICO viajou ao MWC a convite da Xiaomi Portugal