A Inglaterra está mais forte, mas é a França quem segue em frente

Harry Kane falha penalti aos 82’ e hipoteca aspirações dos britânicos. Só Marrocos separa os franceses do jogo decisivo.

Foto
França foi mais forte a atacar e mais sólida a defender Ronald Wittek/ EPA

Gareth Southgate passou os últimos dois anos a estudar a França. Um dos seus técnicos seguiu de perto todos os jogos do campeão mundial, analisou ao pormenor jogadores, pontos fortes e fraquezas. Tudo para a Inglaterra estar preparada para enfrentar e derrotar aquele que foi apontado pelo seleccionador britânico como o mais forte (potencial) adversário no Qatar. Antecipou o mais possível este embate, muito antes do mesmo se confirmar. Esbateu as diferenças, deu muita luta, mas um penálti falhado nos últimos minutos deitou tudo a perder e será Deschamps a seguir em frente.

Já sabendo que Marrocos será o último obstáculo antes da partida decisiva no Qatar, as duas equipas entraram em campo com o estatuto de grandes candidatos ao título reforçado. Se os minutos iniciais foram de grande cautela de parte a parte, o golo francês tornou a partida vertiginosa, em particular no segundo tempo, com oportunidades claras para ambos os lados.

Se a Inglaterra mostrou mais determinação em vencer em largos momentos do encontro, a França exibiu argumentos individuais determinantes para o resultado final. Fez golo na primeira oportunidade, deixou-se empatar, numa grande penalidade, que trouxe alguma justiça ao marcador. Regressou ao comando na recta final da partida e aproveitou a infelicidade do adversário que falhou um segundo castigo máximo para marcar presença nas meias-finais pela sétima vez na sua história.

Com Walker a policiar de perto Mbappé – muitas vezes com os apoios de Henderson e Bukayo Saka no lado canhoto do ataque francês, o jovem goleador apostava em zonas mais interiores (como no caso do golo), criando desequilíbrios, mas sem espaços para maiores protagonismos, principalmente no primeiro tempo.

A enorme preocupação dos ingleses com a qualidade individual do ataque adversário acabou por comprometer, quando se esqueceram de Tchouaméni aos 17’. A 30 metros da baliza, sem oposição, o médio do Real Madrid desferiu um remate colocado, mas não indefensável, estreando o marcador. Um golpe duro para o conjunto britânico que, em desvantagem, se foi soltando no relvado, dando maior profundidade ao seu jogo.

Se Jordan Pickford não esteve brilhante entre os postes no lance do golo, do outro lado Lloris foi adiando o empate com um conjunto de boas defesas a tentativas de Harry Kane (23’ e 29’) e Jude Bellingham (47’). O guarda-redes francês só não conseguiu parar o remate de Kane na cobrança do primeiro penálti, aos 52’, após Tchouaméni trocar o papel de herói pelo de vilão e derrubar Bukayo Saka na sua área. Um golo histórico do atacante do Tottenham que igualou o recorde de 53 na posse de Wayne Rooney.

O empate trazia alguma justiça ao resultado, mas despertou a França, tornando o jogo mais partido e com desfecho imprevisível. Rabiot avisou (55’), Giroud também (78’) e acabou mesmo por reforçar o seu estatuto de melhor goleador da história da selecção francesa, aos 78’. Pelo meio, Saka (60’) e novamente Kane (62’), desperdiçaram.

Parecia difícil que a equipa de Deschamps voltasse a desperdiçar a vantagem, mas a verdade é que esteve muito perto disso, aos 82’, quando Theo Hernández carregou Mount (que rendera Henderson aos 79’) pelas costas, com o VAR a confirmar um novo penálti para os ingleses. Desta vez, Harry Kane acusou a responsabilidade e atirou muito por cima.

A sina inglesa manteve-se no Mundial, com um jejum de títulos que dura há 56 anos e irá prolongar-se, pelo menos, por mais quatro. A França assume-se mais uma vez como o principal candidato ao título, mas terá de ultrapassar os extraordinários marroquinos, que já deixaram em choque toda a Península Ibérica.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários