Tsipras quer alívio da dívida grega "até ao Natal"

O primeiro-ministro grego insiste que qualquer atraso irá agravar a situação da economia do país e pode destruir o esforço até agora feito pelos gregos. A saída da zona euro não está nos planos, reforça.

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Tsipras falava na abertura do congresso do partido AFP/ANGELOS TZORTZINIS

De “cabeça erguida e com dignidade” e não como “mendigos ou parentes pobres”, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou que o país irá exigir um novo acordo de alívio da dívida até ao Natal. Tsipras anunciou ainda uma nova ronda de medidas de austeridade nas próximas semanas. As declarações do primeiro-ministro grego surgiram durante o seu discurso de abertura do II Congresso do Syriza.

Com uma dívida nacional estimada em 315 mil milhões de euros (cerca de 179% do PIB do país), Atenas pede mais tempo e um programa de reembolso mais suave.

"Dizer-nos para continuarmos com nosso trabalho de casa e ‘logo vemos' já não é aceitável para nós", asseverou Tsipras. "Este atraso na especificação de medidas necessárias para o alívio da dívida não tem nenhuma, absolutamente nenhuma, justificação", insistiu o primeiro-ministro grego, citado pela Associated Press.

Os credores estão empenhados em melhorar as condições para a Grécia, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Alemanha estão em desacordo. Vários membros da zona do euro argumentam que a Grécia já tem condições de reembolso generosas e consideram que o país adiou a realização de reformas estruturais vitais.

Os técnicos do FMI e do Banco Central Europeu estarão de visita à capital grega para pressionar o executivo a cortar a protecção aos proprietários com hipotecas que estão em dificuldades e para liberalizar os despedimentos em empresas não rentáveis – duas medidas que consideram essenciais para relançar a economia, depois de anos de queda e estagnação.

Já o Governo grego responde que a aplicação destas medidas só iria reverter o caminho de recuperação da economia do país.

O partido enviou ainda uma carta ao comissário europeu para os assuntos económicos, Pierre Moscovici, em que pede urgência no diálogo sobre o alívio da dívida grega. “Quaisquer atrasos terão resultados devastadores na economia grega e vão contrariar a – ainda que modesta – redução dos níveis de desemprego e pobreza”, lê-se no documento assinado por 36 deputados do partido.

Também o ministro da Economia, George Stathakis, avisou que sem este alívio a sustentabilidade da dívida não seria viável em 2017. E também aponta um prazo: “precisa de ser negociado até ao Natal”.

Syriza: saída da Grécia não é opção

Durante o congresso do partido, Tsipras afirmou que o seu Governo teve capacidade para impor uma marca de esquerda e aplicar políticas sociais apesar das adversidades do programa de resgate imposto pelos credores internacionais.

O governante garantiu que “a saída da Grécia do euro não era e não é um plano” e que a sua assinatura no resgate grego era a única opção viável para evitar a saída do euro e salvar um país que tinha perdido um quarto do seu poder económico e se confrontava com uma taxa de desemprego de 27%.

Frente comum a sul

Tsipras sublinhou ainda a importância de formar uma "frente comum" no Sul da Europa que contrarie as disparidades regionais e garante uma convergência económica entre todos os países, para forjar uma "alternativa progressista" no continente.

Uma recente sondagem do instituto Public Issue e publicada pelo diário do Syriza Avyí indica que 90% dos inquiridos se afirmam insatisfeitos com trabalho do Governo, mas 80% também mantém a mesma opinião em relação à oposição.

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