E o que pensa Sérgio Godinho, o protagonista (ausente) do Orçamento?

O autor foi citado uma, duas, três vezes. Por deputados e ministros. E sugere outras músicas aos deputados…

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Nuno Ferreira Santos

Esta história começa no instante em que Mário Centeno, ministro das Finanças, respondia a Cecília Meireles, do CDS, por volta das 11 horas da manhã. Foi a primeira vez que veio à baila a letra da canção: “Hoje é o primeiro dia…” Ao segundo dia de debate orçamental, com a retórica a cair para a “frase batida”, Sérgio Godinho foi o protagonista.

Ainda agora aqui chegado, João Almeida, CDS, elogiou a escolha musical do ministro, e respondeu-lhe com o Ai Portugal, Portugal de Jorge Palma. E ainda faltava Vieira da Silva, o ministro do Trabalho e da Segurança Social, olhar para a bancada do PSD e atirar mais uma citação: “Estão como naquela música de Sérgio Godinho à espera do comboio na paragem do autocarro.”

Os deputados iam repartindo esperanças e mágoas, mas o autor estava a ensaiar, com os ouvidos quase moucos ao que se dizia em São Bento. “Ouvi dizer”, admitiu ao PÚBLICO minutos depois de encerrados os trabalhos parlamentares, e o ensaio. A vida é feita de pequenos nadas, e a de um compositor ainda mais: “Há frases minhas que são citadas muitas vezes”. E isso é um dos melhores elogios que quem escreve pode receber, ou não? “Sem dúvida. Acho interessante que as frases que pairam no ar sejam usadas. Fico contente.”

Sabendo que força é essa, a das músicas que ficam, Sérgio Godinho sugere aos deputados outra da sua obra: “Talvez o Arranja-me um Emprego… Pelo objectivo.” Vale a pena dar o salto, e saber o que pensa o autor das citações da matéria em apreço. Essa da austeridade é que Sérgio Godinho espera que vá desta para melhor. Por isso, “é claro!”, acompanha com atenção o que nos trouxe até aqui. “Alguma coisa tem de ir mudando. Toda esta negociação foi dura, mas é preciso”, diz, a propósito de um Orçamento cuja aprovação aplaude. Já não é fazer arroz de cabidela, sem frango nem arroz nem a panela. Está a avançar pé ante pé, e Sérgio Godinho sugere outra música de Palma para os autores do diploma: A gente vai continuar.

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