Rei saudita faz saltar uma geração na linha de sucessores

Os novos dois homens que se seguem ao novo rei, Salman, são seus próximos e integram a chamada linha dura da monarquia.

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A idade de Mohammed bin Salman não é conhecida mas o poder que o pai lhe entregou surpreendeu muitos AFP

Bastaram alguns decretos para o novo rei saudita, Salman, mudar a linha de sucessão, afastar um irmão como príncipe herdeiro (Muqrin), colocar no seu lugar o sobrinho Mohamed bin Nayef (que era agora segundo na linha de sucessão) e fazer ascender a esta posição o seu próprio filho, até há bem pouco tempo um desconhecido mas agora ministro da Defesa, que comanda as operações lançadas pela Arábia Saudita no Iémen.

As decisões de Salman têm algo de inédito – nunca um filho de Abdel Aziz, o fundador do reino, como Muqrin (o mais novo dos 35 filhos que Aziz teve, com 69 anos), tinha sido afastado assim. Salman, de 79 anos, procura diversos objectivos com estas decisões.

Por um lado, reforça o controlo do ramo dos Sudari da família real (o grupo dos seis irmãos inteiros de Fahd, monarca que mais tempo esteve no poder, 24 anos, até morrer, em 2005), de que Nayef faz parte; por outro, fortalece a chamada linha dura, os mais radicais e anti-reformistas entre os Al-Saud. Nayef, que vai continuar como ministro do Interior e acumular ainda o cargo de vice-primeiro-ministro, tem no currículo anos a silenciar ou fazer prender centenas de importantes reformistas. <_o3a_p>

Sobem, assim, Nayef, 55 anos, considerado como “homem forte” da luta ao terrorismo”, e o filho do rei, Mohammed bin Salman, cuja escolha, em Janeiro, para a pasta da Defesa, já tinha surpreendido. Mohammed é jovem e pouco experiente, mas o pai entregou-lhe a mais arriscada decisão que tomou desde que chegou ao trono, lançar a ofensiva contra os rebeldes huthis do Iémen (que Riad considera “marionetas do Irão”), ao mesmo tempo que aumentava o apoio aos grupos que combatem Bashar al-Assad na Síria (a maior parte formados por radicais com pelo menos algumas ligações à Al-Qaeda).<_o3a_p>

De caminho, Salman enviou para a reforma o ministro dos Negócios Estrangeiros, Saud al-Faisal, e substituiu-o pelo até agora embaixador em Washington, Adel al-Jubeir, que tem agido como porta-voz das operações iemenitas e da defesa da necessidade de “conter a ameaça expansionista do Irão”.<_o3a_p>

Com os decretos que acaba de assinar, Salman fez de si próprio o último monarca da sua geração, passo que durante muito tempo se pensou que geraria uma crise profunda no reino fechado e conservador. <_o3a_p>

É “demasiado cedo para avaliar” as consequências destas decisões, sublinha o académico Elliott Abram no site do Council on Foreign Relations.<_o3a_p>

Certo é que uma nova geração não significa necessariamente mudança no sentido que os ocidentais esperam. Note-se que entre os decretos, Salman conseguiu afastar a mulher com o cargo mais alto que ele próprio nomeara para o Governo, Nora al-Fayez, que durou pouco como ministra-adjunta da Educação para as raparigas por tentar fazer da Educação Física uma disciplina nas escolas femininas.<_o3a_p>

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