A crise fez 40 mil espanhóis emigrarem nos primeiros seis meses do ano

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No último mês têm sido feitos vários protestos contra as medidas de austeridade Foto: Dominique Faget

Quarenta mil espanhóis terão deixado o país no primeiro semestre deste ano – mais 44,2 % do que em igual período do ano anterior, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística divulgadas pela imprensa espanhola. Por efeito da crise económica e financeira, já há mais gente a emigrar do que a imigrar.

Quarenta mil espanhóis terão deixado o país no primeiro semestre deste ano – mais 44,2 % do que em igual período do ano anterior, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística ontem divulgadas pela imprensa espanhola. Por efeito da crise económica e financeira, já há mais gente a emigrar do que a imigrar.

A tendência de saída começou a desenhar-se no ano passado e nota-se bastante entre estrangeiros residentes. Em 2010, ainda houve mais 60 mil pessoas a entrar do que a sair. Em 2011, já houve mais 50 mil pessoas a sair do que a entrar.

O que os dados divulgados vêm mostrar é que, pela primeira vez em muitos anos, há mais espanhóis a abandonar o seu país do que a regressar. Entre Janeiro e Julho deste ano, 269.515 pessoas viraram as costas a Espanha: 40.625 espanhóis. Um número bastante superior ao de entradas, 195.539, sendo 17518 espanhóis.
“Conjunturalmente, convertemo-nos num país de emigração depois de termos sido um país de imigração”, comentou, com o diário El Pais, Antonio Izquierdo, catedrático de Sociologia da Universidad de A Coruña. “Se a riqueza de um país é a sua população, estamos perdendo riqueza.”

A perda afecta toda a Península ibérica. Só que não se mede com exactidão deste lado da fronteira. Espanha vale-se dos registos municipais e de outras fontes nacionais para calcular o saldo migratório.

Para apurar o volume de saídas, Portugal socorre-se dos registos dos principais países de destino. Apesar da euforia dos anos 1990, a emigração nunca parou em Portugal. Acentuou-se desde 2008, com o arrefecimento da economia. O último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE lança a estimativa mais actual: no ano passado terão saído de Portugal mais de 70 mil portugueses.

Os portugueses estão a emigrar para outros países europeus, como o Reino Unido, a França, a Suíça, a Alemanha ou o Luxemburgo. E para países de língua oficial portuguesa, sobretudo para o Brasil e para Angola.

Sobre a imigração, há dados mais precisos. No ano passado, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) registou uma quebra de 12%. Registaram-se 30 mil pessoas.

De acordo com o último relatório do SEF, a 31 de Dezembro de 2011, havia 436.822 estrangeiros a residir em Portugal, menos 1,90% do que no ano anterior. Admite-se que o acesso à nacionalidade portuguesa explique parte deste recuo. A crise económica e financeira que assola o país explicará o resto.

Do Brasil era oriunda a mais representativa comunidade estrangeira residente em Portugal. Na tabela, seguiam-se Ucrânia, Cabo Verde, Roménia, Angola e Guiné-Bissau.

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