Amadora espera ter metro ligeiro de superfície a partir de 2010

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Está a ser desenvolvida a solução técnica que vai permitir criar “este conceito de transporte novo, que não existe em Portugal" Pedro Cunha (arquivo)

As obras do metro ligeiro de superfície da Amadora, que vai unir seis freguesias do concelho às redes do Metropolitano de Lisboa e da CP, deverão arrancar até ao fim do ano, adiando o início da circulação deste veículo eléctrico para 2010.

O vereador dos Transportes e das Obras Municipais da Câmara da Amadora revelou ao PÚBLICO que está neste momento a ser desenvolvida a solução técnica que vai permitir criar “este conceito de transporte novo, que não existe em Portugal”, embora tenha algumas semelhanças com os trolleys que circulam em Coimbra desde a década de 40 do século XX. Segundo Gabriel Oliveira, é este carácter inovador que está na origem do atraso no projecto, cuja entrada em funcionamento chegou a ser anunciada para Maio de 2009.

“Não existem em Portugal empresas que trabalhem para este tipo de solução. Estamos a ver se encontramos equipas e projectistas para que o projecto vá a bom porto a um preço que achemos aceitável”, afirmou o vereador, salientando que “sendo uma coisa nova, tem alguma dificuldade em arrancar”. A expectativa de Gabriel Oliveira é que as obras tenham início “até ao fim do ano” e se prolonguem por “nove a dez meses”.

O metro ligeiro de superfície vai ter pneus em vez de circular sobre carris, constituindo um meio de transporte “silencioso” e que se adapta à topografia do concelho, vencendo “declives até 15 por cento, enquanto o metro clássico no máximo chega aos sete”. A explicação é do vereador da Câmara da Amadora, que acrescenta que se trata de um veículo eléctrico ligado a catenárias, mas que tem um motor a diesel que lhe permite “seguir o percurso se houver algum acidente, avaria ou obra”.

Esta primeira fase do metro ligeiro de superfície vai ligar a futura estação da Reboleira do Metropolitano de Lisboa (cuja inauguração foi anunciada para o primeiro trimestre de 2011) à estação da Amadora-Este, atravessando as freguesias de Reboleira, Venda Nova, Falagueira, Mina, São Brás e Brandoa e terminando no centro comercial Dolce Vita Tejo, que abre as portas em Maio deste ano.

Gabriel Oliveira adiantou que esta obra, com uma extensão de cerca de sete quilómetros e entre 15 e 20 paragens, poderá custar “entre seis e sete milhões de euros”, o que representa uma diminuição substancial face aos 11 milhões de euros que tinham sido anunciados no início de 2008. “Baixámos os custos, estamos a tentar uma solução o mais económica possível”, explicou o autarca.

Segundo Gabriel Oliveira, este investimento vai ser suportado em “mais de metade” pela Chamartín Imobiliária, a promotora do Dolce Vita Tejo, contando ainda com participações do Metropolitano de Lisboa, da CP e da Rede Eléctrica Nacional. Não está previsto que o projecto acarrete qualquer custo para o município.

Sem adiantar valores, a administração do centro comercial confirmou ao PÚBLICO a sua “participação efectiva como co-financiador relevante” do metro ligeiro de superfície. “É um projecto que se enquadra na nossa política de responsabilidade e de desenvolvimento sustentado” e “só por isso já nos sentimos obrigados a apoiá-lo”, justificou a mesma fonte.

Quanto ao facto de o metro só dever entrar em funcionamento no último trimestre de 2010, mais de um ano depois da abertura do centro comercial, a administração sublinha que “o Dolce Vita Tejo, pela sua dimensão e características, não depende do desenvolvimento daquele projecto”. Ainda mais porque, acrescenta numa resposta escrita, “estão programadas diversas linhas, em transporte público, que entrarão em funcionamento aquando da inauguração” e o equipamento está “enquadrado por uma rede viária e de acessibilidades de excepção fortíssima”.

Odivelas e Loures procuram financiadores para entrar na rota do metro de superfície

Numa segunda fase, o metro ligeiro de superfície poderá chegar aos concelhos de Odivelas e de Loures, estando igualmente previsto que se estenda pelo centro da Amadora, alcançando o hospital de Amadora-

-Sintra. Mas este é um projecto sem data certa para sair do papel, que só deverá ser concretizado se se encontrarem investidores privados para a empreitada.

“Os traçados estão fechados. Temos meios financeiros para ligar ao Dolce Vita Tejo, mas daí para a frente...”, diz o vereador dos Transportes e das Obras Municipais da Câmara da Amadora, Gabriel Oliveira, salientando que em Portugal é a primeira vez que o sector privado participa num projecto desta natureza.

O PÚBLICO questionou o município de Odivelas sobre a sua participação na iniciativa, mas não obteve resposta. Em Maio de 2007, o vereador das Obras Municipais e Transportes, Sérgio Paiva, tinha revelado que o metro de superfície devia chegar ao concelho daí a cinco anos, com o financiamento de uma empresa responsável pela criação de um parque de ciência e tecnologia em Famões.

Gabriel Oliveira diz que, tanto quanto sabe, “inicialmente Odivelas tinha alguns parceiros que terá deixado cair”. Já a Câmara de Loures fez saber que, “infelizmente”, não há desenvolvimentos no processo, continuando a busca de investidores privados interessados em levá-lo avante.

Num futuro ainda mais longínquo, a ambição da Câmara da Amadora é levar o metro até ao concelho de Oeiras, unindo as linhas da CP de Sintra e da Cascais. “Oeiras mostrou interesse. O problema é a parte financeira”, explica mais uma vez Gabriel Oliveira.

Segundo Gabriel Oliveira, sistemas semelhantes estão em funcionamento em localidades francesas, suíças, alemãs e na cidade espanhola de Castellón.

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