Israel pretende levar para o país 18 mil etíopes judeus

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Os membros da comunidade falasha exigem que o Governo israelita vá buscar os seus familiares à Etiópia Pavel Wolberg/AFP

O Governo israelita anunciou hoje a sua intenção de receber no país cerca de 18 mil etíopes judeus, completando o processo de emigração em massa, iniciado em 1984, de uma comunidade considerada descendente de uma das doze tribos de Israel.

"Gostaríamos de fazer regressar a Israel todos os falashas já a partir da próxima semana. Acreditamos que eles gostariam de viver em Israel", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Silvan Shalom, durante uma visita à região etíope de Gondar, onde reside a maior parte desta população.

Os falasha mura são últimos descendentes da comunidade judaica da Etiópia, perseguidos durante séculos pelas suas crenças religiosas e finalmente obrigados a converter-se ao cristianismo no século XIX. Acredita-se que residam actualmente na Etiópia menos de 18 mil membros desta comunidade, os quais pretendem emigrar para Israel para fugir à fome e à pobreza que atinge grande parte da população etíope.

O direito a imigrarem para Israel foi-lhes garantido em 1973 pelos principais rabis israelitas, que concluíram que os falasha são descendentes da bíblica tribo judaica de Dan.

Desde então, Telavive — a quem interessa aumentar a sua população para enfrentar a pressão demográfica palestiniana — organizou várias pontes aéreas entre a Etiópia e Israel para fazer regressar ao país membros desta comunidade, que conta já com 80 mil em Israel.

A primeira destas pontes aéreas ocorreu em 1984, em completo segredo militar, tendo permitido a entrada no país de perto de 20 mil pessoas. Seis anos depois, e após um período de tensão entre os dois países, Addis Abeba permitiu o reinício da emigração em massa para Israel, que atingiu o seu ponto alto em 1991, ano em que terão chegado ao país 15 mil etíopes.

A maioria da comunidade falasha foi instalada em colonatos na Cisjordânia, mas muitos queixam-se de serem discriminados pelos restantes colonos e da falta de emprego. Ainda assim, exigem que Telavive vá buscar à Etiópia os familiares que ainda aí residem.

Segundo a legislação nacional, qualquer judeu tem direito à nacionalidade israelita, mas muitos dos membros desta comunidade têm tido dificuldades em comprovar a sua ascendência judaica. Neste sentido, e cinco anos depois de ter suspendido as pontes aéreas, o Governo de Telavive anunciou no ano passado que autorizava a entrada no país a cerca de 20 mil etíopes judeus. No entanto, a quase totalidade desta comunidade não tem recursos para viajar, o que levou Israel a decidir agora organizar nova ponte aérea.

No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros etíope, Seyoum Mesfin, garante que não há qualquer necessidade de organizar "uma nova intervenção", já que todos os cidadãos são livres para partir.

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