A Europa deve recuperar a sua credibilidade nos Balcãs Ocidentais

O ataque da Rússia à Ucrânia e aos valores europeus deve lembrar-nos quão importante é o processo de alargamento, devidamente conduzido, como um motor para a democracia, liberdade, paz, Estado de Direito e prosperidade. Os Estados-membros da União Europeia devem iniciar rapidamente as conversações de adesão com Skopje e Tirana.

Foi nesta semana, em 1992, que teve início a guerra na Bósnia-Herzegovina, que durou até 1995 e matou mais de cem mil pessoas. Trinta anos depois, a Bósnia-Herzegovina está hoje em profunda crise política, dilacerada por elites políticas corruptas, negadores do genocídio e políticos pró-Kremlin. Como Socialistas e Democratas, pedimos desde há muito que a União Europeia seja mais ativa no combate a esta crise, inclusive através de pressões e sanções contra aqueles que boicotam as instituições estatais. A UE tem a obrigação de proteger a integridade territorial, a unidade e a paz da Bósnia-Herzegovina e impedir o regresso à violência dos anos 90.

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Foi nesta semana, em 1992, que teve início a guerra na Bósnia-Herzegovina, que durou até 1995 e matou mais de cem mil pessoas. Trinta anos depois, a Bósnia-Herzegovina está hoje em profunda crise política, dilacerada por elites políticas corruptas, negadores do genocídio e políticos pró-Kremlin. Como Socialistas e Democratas, pedimos desde há muito que a União Europeia seja mais ativa no combate a esta crise, inclusive através de pressões e sanções contra aqueles que boicotam as instituições estatais. A UE tem a obrigação de proteger a integridade territorial, a unidade e a paz da Bósnia-Herzegovina e impedir o regresso à violência dos anos 90.

Mas, para desempenhar um papel político mais forte na Bósnia-Herzegovina, a Europa deve recuperar urgentemente a sua credibilidade nos Balcãs Ocidentais. É impressionante como os habitantes da região começam a mostrar-se desapontados com a União Europeia. Por exemplo, as percepções da UE como o maior aliado da Macedónia do Norte caíram acentuadamente de 43,2% em 2019 para 13,1% em 2021, segundo o Instituto para a Democracia – Societas Civilis.

Uma razão para isso é a inação da Europa. Ou pior ainda: promessas não cumpridas. Quando há quatro anos, Atenas e Skopje concordaram com o histórico Acordo de Prespa para resolver uma disputa de 27 anos sobre o nome da Macedónia do Norte, abriu-se uma oportunidade emocionante: começar a trazer os Balcãs Ocidentais para a União - e, ao fazê-lo, plantar as sementes da paz e da prosperidade para milhões de pessoas. Mas não cumprimos a nossa palavra. A União Europeia ainda não iniciou conversações de adesão com a Macedónia do Norte nem com a Albânia, embora tenha dito repetidamente que ambos os países fizeram tudo o que lhes exigimos para iniciar as negociações.

A guerra de Putin contra a Ucrânia e os valores europeus deve ser um alerta para que a UE se comprometa urgentemente com os Balcãs Ocidentais. A interferência estrangeira russa e as campanhas de desinformação já deixaram a sua marca, particularmente na Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Sérvia, onde vimos manifestações de apoio à Federação Russa após o ataque de Putin à Ucrânia. Mas, a Europa não deve desistir da região. Mais do que nunca, precisamos do compromisso e da ação da União Europeia nos Balcãs Ocidentais para combater as campanhas de interferência da Rússia e da China, que espalham o sentimento anti-UE e tentam desestabilizar toda a região. Exortamos os chefes de Estado e de Governo da União Europeia a abrirem finalmente as negociações de adesão com Skopje e Tirana.

Uma vez abertas as negociações, a influência da desinformação russa, bem como de grupos e partidos populistas apoiados pela Rússia, diminuirá. O processo de alargamento, devidamente conduzido, será um motor de mudanças para a democracia, a liberdade de imprensa, as liberdades civis e o Estado de direito – os valores que Putin negou aos russos durante anos e pelos quais os ucranianos são agora obrigados a lutar.

O futuro dos Balcãs Ocidentais está na União Europeia, no Estado de Direito, na democracia liberal, na justiça social e no vigor inovador de uma sociedade aberta. A adesão à UE e, mais importante, as negociações completas e ambiciosas desse caminho, oferecem a única garantia de que os cidadãos das seis nações poderão, em algum momento, num futuro não muito distante, desfrutar desses benefícios. A Europa não deve decepcioná-los.

Isabel Santos, eurodeputada do grupo dos Socialistas & Democratas (S&D); Tonino Picula, porta-voz do grupo S&D para os Negócios Estrangeiros; Tanja Fajon, eurodeputada do grupo S&D; Andreas Schieder, eurodeputado do grupo S&D; Dietmar Köster, eurodeputado do grupo S&D; Demetris Papadakis, eurodeputado do grupo S&D