Casos de covid-19 devem subir em Portugal e impacto na mortalidade é incerto

Segundo o relatório das linhas vermelhas da DGS e INSA, o sistema de saúde apresenta capacidade de acomodar o aumento de doentes com covid-19, mas devem ser mantidas as medidas de protecção individual e a vacinação. Portugal registou 79.278 casos entre 1 e 7 de Março, 160 mortes e uma redução de internamentos.

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O boletim epidemiológico passou a ser semanal e será divulgado às sextas-feiras Paulo Pimenta

A pandemia de covid-19 sofreu uma inversão da tendência decrescente das últimas semanas, devendo verificar-se um aumento da incidência de infecções, sendo ainda incerto o impacto nos serviços de saúde e na mortalidade.

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A pandemia de covid-19 sofreu uma inversão da tendência decrescente das últimas semanas, devendo verificar-se um aumento da incidência de infecções, sendo ainda incerto o impacto nos serviços de saúde e na mortalidade.

“A análise dos diferentes indicadores revela uma actividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com inversão da tendência decrescente que vinha a observar-se nas últimas semanas, podendo esperar-se um aumento da incidência à semelhança do observado em alguns países europeus”, refere o relatório das linhas vermelhas.

Segundo esta avaliação de risco da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a dimensão do impacto do crescimento da incidência nos serviços de saúde e na mortalidade “é ainda incerta”, uma vez que está dependente do “nível de imunidade da população e da incidência nos grupos mais vulneráveis”.

De acordo com o documento, o sistema de saúde apresenta capacidade de acomodar o aumento de doentes com covid-19, mas deve ser mantida a vigilância da situação epidemiológica e a manutenção das medidas de protecção individual e a vacinação de reforço.

De acordo com a DGS, na quarta-feira estavam internados em unidades de cuidados intensivos (UCI) 70 doentes, o que corresponde a 27% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas, abaixo dos 35% registados na semana anterior.

Os hospitais da região Norte continuam a ser os que apresentam maior ocupação em cuidados intensivos, com 36% do nível de alerta de 75 camas, e o grupo etário com maior número de pessoas internados nestas unidades era o dos 60 aos 79 anos.

Mortalidade ainda elevada

Quanto à mortalidade específica por covid-19, está nos 33,3 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a uma diminuição de 20% relativamente ao último relatório (41,7), o que revela uma tendência decrescente do impacto da pandemia neste indicador, referem as “linhas vermelhas”.

Apesar desta redução, o valor de 33,3 é ainda superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), o “que se traduz num impacto elevado da epidemia na mortalidade”, adianta o documento.

Na quarta-feira, a incidência cumulativa a 14 dias estava nos 1449 casos por 100 mil habitantes, indicando uma intensidade muito elevada, com tendência estável, enquanto o índice de transmissibilidade — R(t) — era de 0,99 a nível nacional e de 0,98 para o continente.

“Observou-se um valor de Rt igual ou superior a 1 em quatro das cinco regiões do continente, o que indica uma inversão para tendência crescente da incidência de infecção”, avança a análise de risco da pandemia.

O relatório refere ainda que a proporção de casos positivos nos testes realizados para SARS-CoV2 registada entre 3 e 9 de Março foi de 20,1%, superior aos 13,5% do último relatório e acima do limiar de 4%.

A frequência da linhagem BA.1 da variante Ómicron é agora de 20,6% e com tendência decrescente, enquanto a linhagem BA.2, considerada mais transmissível, é já “claramente dominante”, sendo responsável por 79,4% das infecções.

Média de 23 mortes e 11 mil casos por dia

Portugal registou 79.278 casos de infecção entre 1 e 7 de Março, 160 mortes associados à covid-19 e uma redução de internamentos, indicou esta sexta-feira a Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o boletim epidemiológico, que a partir de agora deixa de ser diário e passa a semanal, o número de casos confirmados de infecção subiu 11.963 em relação à semana anterior, registando-se ainda uma redução de 36 óbitos na comparação entre os dois períodos.

Quanto à ocupação hospitalar, o boletim indica que, na última segunda-feira, estavam internadas 1225 pessoas, menos 133 do que no mesmo dia da semana anterior, e 78 doentes estavam em unidades de cuidados intensivos, menos 18.

Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo registou um total de 30.744 casos entre 1 e 7 de Março, mais 7866 do que no período anterior, e 53 óbitos (menos oito). O Norte totalizou 12.928 casos de infecção, menos 1001 do que na semana anterior e 38 mortes (menos 21), enquanto no Centro foram notificadas 16.808 infecções (mais 2166) e 45 óbitos (mais três).

No Alentejo foram registados 5614 casos positivos (mais 1448) e sete óbitos (menos seis) e no Algarve verificaram-se 5349 infecções (mais 952) e cinco mortes (menos sete). Quanto às regiões autónomas, os Açores tiveram 3379 novos contágios entre 1 e 7 de Março (menos 632) e sete mortes (mais duas), enquanto a Madeira registou 4456 casos nesses sete dias (mais 1.164) e cinco mortes (mais uma).

Faixa etária com mais casos é a dos 10 aos 19 anos

De acordo com a DGS, a faixa etária dos jovens entre os 10 e os 19 anos foi a que apresentou maior número de casos a sete dias (18.639), seguida das pessoas entre os 20 e 29 anos (12.990), enquanto os idosos com mais de 80 anos foram o grupo com menos infecções (3251).

Dos internamentos totais, 552 foram de idosos com mais de 80 anos, seguindo-se a faixa etária dos 70 aos 79 anos (270) e dos 60 aos 69 anos (153).

O boletim da DGS refere ainda que, na primeira semana de Março, morreram 105 idosos com mais de 80 anos, 36 pessoas entre os 70 e 79 anos, 12 entre os 60 e 69 anos, seis entre os 50 e 59 anos e uma entre os 40 e 49 anos.

Relativamente à vacinação contra a covid-19, o boletim adianta que 100% dos grupos etários das pessoas com mais de 80 anos, entre 65 e 79 anos e entre os 50 e 64 anos têm a vacinação completa contra a covid-19.

Quanto à dose de reforço da imunização contra o SARS-CoV-2, 94% dos idosos com mais de 80 anos já a recebeu, assim como 96% das pessoas entre os 65 e 79 anos, 82% entre os 50 e 64 anos, 56% entre os 25 e os 49 anos e 40% entre os 18 e 24 anos.