O renascimento de Aldina nos dias mais duros da sua vida

Nascido da solidão vivida na pandemia, Tudo Recomeça levou a fadista Aldina Duarte até um lugar novo para o seu fado. À boleia de Manel Cruz e da transformação do seu reportório de palco, encontrou uma nova e libertadora verdade.

Foto
Isabel Pinto

Se chegou cedo ou tarde ao fado, é algo difícil de medir ou avaliar. Mas o certo é que, desde que, aos 24 anos, escutou pela primeira vez Beatriz da Conceição a cantar à sua frente, e teve a plena consciência de que a sua vida acabava de guinar numa direcção bem diferente daquela por que julgava avançar, Aldina Duarte intuiu que o fado corria para a eternidade e que sabia adaptar-se e renovar-se conforme os ares dos tempos. Só que nunca tinha compreendido o quão concreta podia ser esta eternidade e nunca fora confrontada com provas tão irrefutáveis disso mesmo. Era uma crença quase religiosa que tinha na vida eterna do fado, pelo que, no meio do golpe profundo que a pandemia desferiu na sua vida, interrompendo 25 anos a cantar de terça a sábado na casa de fados, a revelação que teve apanhou-a de surpresa.