Ainda sobre as eleições legislativas

Urge criar um círculo nacional de compensação, de modo a que todos os votos sejam devidamente considerados, e permitir o voto electrónico aos círculos da emigração.

Estas eleições vieram, uma vez mais, comprovar a imperiosa necessidade de uma ampla e profunda reforma do nosso sistema político e eleitoral, tal como sempre temos defendido. Nestas eleições, mais de meio milhão de votos foram, literalmente, “para o lixo” – falamos, sobretudo, dos círculos eleitorais do interior, em que de pouco ou nada vale votar num partido que não seja o PS ou o PSD. À partida, todos os outros partidos que não sejam apenas (ou sobretudo) “lisboetas” ficam prejudicados. Urge assim, no mínimo, um círculo nacional de compensação, de modo a que todos os votos sejam devidamente considerados.

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Estas eleições vieram, uma vez mais, comprovar a imperiosa necessidade de uma ampla e profunda reforma do nosso sistema político e eleitoral, tal como sempre temos defendido. Nestas eleições, mais de meio milhão de votos foram, literalmente, “para o lixo” – falamos, sobretudo, dos círculos eleitorais do interior, em que de pouco ou nada vale votar num partido que não seja o PS ou o PSD. À partida, todos os outros partidos que não sejam apenas (ou sobretudo) “lisboetas” ficam prejudicados. Urge assim, no mínimo, um círculo nacional de compensação, de modo a que todos os votos sejam devidamente considerados.

Quanto aos círculos da emigração, o atentado foi ainda pior desta vez. Depois de todos os entraves colocados ao legítimo direito de voto, assistimos à não contabilização de mais de 150 mil votos, o que configura uma afronta aos nossos emigrantes (como o próprio Tribunal Constitucional veio entretanto a reconhecer). Também neste caso, há uma solução: generalizar, pelo menos nestes dois círculos, o recurso ao voto electrónico. No século XXI, não é aceitável manter um método de votação próprio do século XIX. E defendemos ainda um aumento do número de deputados nestes dois círculos – para uma dezena, no mínimo.

Quanto ao Nós, Cidadãos, partido pelo qual fomos candidatos (pelo círculo eleitoral de “Fora da Europa”, com o lema “A voz da Cidadania e da Lusofonia no Parlamento”), os resultados promissores que havíamos tido nalguns municípios nas eleições autárquicas de 2021 não tiveram a expectável tradução nestas eleições legislativas. Face a isso, torna-se evidente que o nosso caminho deverá ser o de reforçar a aposta nas eleições autárquicas, fazendo do Nós, Cidadãos o partido de referência do municipalismo. Temos agora três anos para prepararmos devidamente essas próximas eleições autárquicas, mobilizando todos os movimentos independentes. Paralelamente, estamos já a estabelecer contactos de modo a promovermos uma candidatura presidencial verdadeiramente representativa do espaço da cidadania.