A minha avó Antónia tinha medo de tudo o que se relacionava com meteorologia. Acho que nunca ninguém lhe conseguiu tirar da cabeça que os fenómenos meteorológicos eram a forma preferida de Deus castigar os homens. “Vê lá como é que a humanidade acabou na primeira vez”, dizia-me muito séria, referindo-se ao dilúvio que destruiu tudo menos Noé e a sua arca repleta de animais. Durante estas conversas eu costumava encolher os ombros e sorrir. Até porque poucas causas eram tão perdidas de início como discutir religião com a minha avó. Mas confesso que me confortava olhar para ela à braseira, com o cabelo enorme preso num carrapito cinzento, a rezar uma ladainha a Santa Bárbara sempre que soava um trovão.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A minha avó Antónia tinha medo de tudo o que se relacionava com meteorologia. Acho que nunca ninguém lhe conseguiu tirar da cabeça que os fenómenos meteorológicos eram a forma preferida de Deus castigar os homens. “Vê lá como é que a humanidade acabou na primeira vez”, dizia-me muito séria, referindo-se ao dilúvio que destruiu tudo menos Noé e a sua arca repleta de animais. Durante estas conversas eu costumava encolher os ombros e sorrir. Até porque poucas causas eram tão perdidas de início como discutir religião com a minha avó. Mas confesso que me confortava olhar para ela à braseira, com o cabelo enorme preso num carrapito cinzento, a rezar uma ladainha a Santa Bárbara sempre que soava um trovão.