Michel Houellebecq: até que a morte nos separe

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BERLIN, GERMANY - SEPTEMBER 26: Author Michel Houellebecq poses during the Frank Schirrmacher award ceremony on September 26, 2016 in Berlin, Germany. (Photo by Michele Tantussi/Getty Images) Michele Tantussi/Getty Images

Costumo dizer que o único escritor vivo que me interessa é Michel Houellebecq (n. 1956). Uso uma força de expressão, que no entanto não anda longe da absoluta verdade. Que outro autor me motiva para a releitura dos seus livros? Até hoje, nenhum. E li todos os romances de Houellebecq pelo menos um par de vezes, e em várias ocasiões li primeiro em francês (hábito que se quebrou com Submissão, de 2015). O encontro deu-se no ano de 1998, era eu comprador regular da revista Les Inrockuptibles, onde vinha uma recensão a Les particules élémentaires, que prometia uma obra recheada de cenas sexualmente explícitas, o que em muito apelava ao meu corpo praticamente virginal. O livro era, claro está, muito mais do que sexo, e posso dizer que nenhum outro me causou depois o medo desta leitura. Era um livro negro, desencantado, o relato de vidas fracassadas, leitura perigosa mas também um amparo para os pensamentos difíceis. Eu não estava sozinho. Encontrara uma voz igualmente pessimista e uma imaginação que excitava a minha imaginação. Tem vindo a ser assim ao longo de metade da minha vida. Será sempre assim pelo resto da mesma, sendo que essa metade crescerá à medida que os anos passem e as releituras vão naturalmente se sucedendo.

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Costumo dizer que o único escritor vivo que me interessa é Michel Houellebecq (n. 1956). Uso uma força de expressão, que no entanto não anda longe da absoluta verdade. Que outro autor me motiva para a releitura dos seus livros? Até hoje, nenhum. E li todos os romances de Houellebecq pelo menos um par de vezes, e em várias ocasiões li primeiro em francês (hábito que se quebrou com Submissão, de 2015). O encontro deu-se no ano de 1998, era eu comprador regular da revista Les Inrockuptibles, onde vinha uma recensão a Les particules élémentaires, que prometia uma obra recheada de cenas sexualmente explícitas, o que em muito apelava ao meu corpo praticamente virginal. O livro era, claro está, muito mais do que sexo, e posso dizer que nenhum outro me causou depois o medo desta leitura. Era um livro negro, desencantado, o relato de vidas fracassadas, leitura perigosa mas também um amparo para os pensamentos difíceis. Eu não estava sozinho. Encontrara uma voz igualmente pessimista e uma imaginação que excitava a minha imaginação. Tem vindo a ser assim ao longo de metade da minha vida. Será sempre assim pelo resto da mesma, sendo que essa metade crescerá à medida que os anos passem e as releituras vão naturalmente se sucedendo.