The Righteous Gemstones: uma crise de sucessão na igreja

Chega à segunda temporada a brilhante criação de Danny McBride para a HBO passada no mundo das mega-igrejas norte-americanas.

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A família Gemstone: o pai e os três filhos que querem tomar conta do império DR

O universo de The Righteous Gemstones é o das mega-igrejas, do televangelismo, da missa como um concerto de rock, do excesso aliado a essas formas de religião. A criação de Danny McBride para a HBO é, desde que se estreou em 2019, um prodígio de comédia centrada numa família, com o pai dono de uma dessas mega-igrejas e os seus três filhos muito diferentes entre eles, todos ultra-ricos, ultra-ridículos e ao mesmo tempo ultra-empatizáveis.

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O universo de The Righteous Gemstones é o das mega-igrejas, do televangelismo, da missa como um concerto de rock, do excesso aliado a essas formas de religião. A criação de Danny McBride para a HBO é, desde que se estreou em 2019, um prodígio de comédia centrada numa família, com o pai dono de uma dessas mega-igrejas e os seus três filhos muito diferentes entre eles, todos ultra-ricos, ultra-ridículos e ao mesmo tempo ultra-empatizáveis.

A segunda temporada, que tem nove episódios e arranca esta segunda-feira, continua a ser isto, mas vai ainda mais além. Começa com a família a estrear o seu próprio serviço de streaming e vai muito ao passado violento e pré-religião, do patriarca, Eli Gemstone (um sempre maravilhoso John Goodman, que encaixa como uma luva aqui), que volta ao de cima. Ao mesmo tempo, há sempre os filhos, Jesse (o próprio criador, Danny McBride), o mais velho, que sente, com muita arrogância, que tem direito ao império do pai, que não faz tenções de ir a lado nenhum, Judy (Edi Patterson, sempre hilariante no seu descontrolo total), que nunca se sentiu integrada na família e tem sempre por perto o marido, de quem ninguém gosta, e Kelvin (Adam Devine), que não tem grande auto-estima e agora arranjou um grupo de seguidores musculosos.

A relação pais e filhos (Jesse também tem os seus) é um dos focos, e Jesse quer investir num novo negócio com um casal amigo de pregadores-superestrelas, que traz para este universo o sempre fiável Eric André, uma presença esgrouviada perfeita para a série. Há também Eric Roberts como um associado do passado de Eli, e Jason Schwartzman como um jornalista empenhado em expor os excessos e hipocrisias de famílias como os Gemstones, bem como o regresso de Walton Goggins como Baby Billy, o irmão da falecida matriarca da família, desta feita à espera de um filho. Há baptizados, assassínios, polegares partidos, muita piada e, como sempre, nus frontais masculinos.

The Righteous Gemstones marcou a primeira vez que Danny McBride, co-criador e protagonista de Eastbound & Down e Vice Principals, e uma das pessoas mais consistentes e hilariantes a fazer comédia nos Estados Unidos nos últimos 15 anos criou e geriu uma série sozinho. Mas não o faz sem a ajuda dos amigos de sempre: Jody Hill e David Gordon Green, com quem estudou na escola de cinema e com quem trabalha desde sempre, também realizam episódios, algo que eleva e muito a comédia aqui. É uma empreitada caseira, feita longe de Hollywood, na Carolina do Sul, com o tipo por detrás das de personagens em que McBride sempre foi bom: idiotas arrogantes, que mal conseguem esconder a frustração por detrás da forma como se armam em machos alfa, mas com algum coração.

Tal como Succession (e o produtor executivo dessa série, Adam McKay, produzia Eastbound & Down, portanto há aqui uma ligação), The Righteous Gemstones prova que a HBO é exímia em séries cómicas sobre impérios dos média, os patriarcas e os filhos não raras vezes patéticos que querem tomar conta do negócio da família. Só que, ao contrário da família Roy da série de Jesse Armstrong, a família Gemstone é capaz de gerar um bocadinho de nada mais de empatia.