Maus tratos a galgos valem ao cavaleiro João Moura acusação por 18 crimes

Em 2020 GNR encontrou mais de dezena e meia de cães em condições de subnutrição. Arguido negou maus tratos: “Alguns estavam magros, mas não os tratei mal.”

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Os galgos foram encontrados em estado de subnutrição GNR

O Ministério Público acusou o cavaleiro tauromáquico João Moura de 18 crimes de maus tratos a animais de companhia no caso dos galgos encontrados em condições de subnutrição.

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O Ministério Público acusou o cavaleiro tauromáquico João Moura de 18 crimes de maus tratos a animais de companhia no caso dos galgos encontrados em condições de subnutrição.

Tudo se passou numa herdade em Monforte, distrito de Portalegre, há perto de dois anos. Quando se deslocaram ao local, depois de vários animais se terem soltado e ido parar à estrada, guardas da GNR encontraram um cenário pouco agradável de ver. A descoberta deu-se por acaso: os militares do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR estavam numa acção de fiscalização florestal quando viram os bichos a vadiar perto da quinta. Dado o seu estado de magreza, pediram um mandado de busca ao Ministério Público, tendo entrado na propriedade acompanhados de um veterinário, para avaliar o estado clínico dos galgos.

Criador desta raça de cães, o cavaleiro tauromáquico foi momentaneamente detido e constituído arguido, enquanto animais em piores condições de saúde foram retirados da herdade. Mas mantiveram-se na propriedade vários outros cães. Aqueles que dali foram levados ficaram à guarda de associações de protecção dos animais, tendo mais tarde sido adoptados.

Pelo menos um deles acabou por morrer. Ouvido na altura pelo blogue tauromáquico Farpas, João Moura desvalorizou o episódio: “Tinha lá uns cães mais magros e alguém denunciou isso, mais nada.” Negou ter submetido os animais a maus tratos: “Agora vão instruir o processo e vai seguir para a frente. Já prestei as minhas declarações e estou com a consciência tranquila. Não matei ninguém, não roubei ninguém, não tratei mal os meus cães. Alguns estavam magros, mas não os tratei mal.”

Há vários anos que o arguido participa em corridas de galgos. Quando, em 2010, teve uma cadela a vencer um prémio de relevo em Espanha afirmou que essa vitória era “tão importante como, no campo tauromáquico, sair em ombros pela porta grande de Madrid”. Um dos crimes de que foi acusado é de maus tratos na forma agravada.

Em Agosto passado uma corrida de homenagem a este cavaleiro realizada no Campo Pequeno, em Lisboa, motivou vários protestos. Centenas de pessoas manifestaram-se à porta da praça de touros.